Fundamentos da Educação Cristã

14/114

Uma visita a College City

Há algumas semanas, visitei College City (Califórnia), para falar, a convite, sobre o assunto da temperança. A igreja foi oferecida para a ocasião, e havia uma boa assistência. O povo desse lugar já tomou uma louvável posição em favor dos princípios de temperança. Com efeito, foi com essa condição que se estabeleceu um colégio aqui. O terreno em que se encontra o edifício escolar, com uma grande área circundante, foi doado à Igreja Cristã para fins educacionais, com a estipulação de que jamais seja aberto algum bar a menos de cinco quilômetros do colégio. Este acordo parece ter sido cumprido fielmente. Notamos que os jovens se achavam mais seguros ao freqüentar a escola numa tal cidade, do que onde há bares abertos dia e noite, em cada esquina. FEC 62.1

Os regulamentos deste colégio resguardam estritamente a associação entre moços e moças durante o período letivo. Só quando esses regulamentos são suspensos temporariamente, como às vezes é o caso, podem os rapazes acompanhar as moças à entrada e à saída das reuniões públicas. Nosso próprio colégio em Battle Creek tem regulamentos similares, porém não tão rigorosos. Eles são indispensáveis para proteger os jovens contra o perigo de namoro prematuro e casamento insensato. Os jovens são enviados ao colégio por seus pais para obterem educação, não para flertarem com o sexo oposto. O bem da sociedade, bem como os mais altos interesses dos alunos, requer que não tentem escolher um companheiro de vida enquanto seu próprio caráter ainda não se acha desenvolvido, amadurecido o discernimento, encontrando-se eles ao mesmo tempo privados do cuidado e guia paternos. FEC 62.2

É em virtude da falha educação do lar que os jovens são tão pouco dispostos a se submeterem à devida autoridade. Eu sou mãe. Sei por isto o que digo quando afirmo que os jovens e as crianças não estão apenas mais seguros porém mais felizes sob a salutar restrição, do que quando seguem suas próprias inclinações. Pais, vossos filhos e filhas não são devidamente guardados. Jamais deve ser-lhes permitido ir e vir quando bem entendem, sem vosso conhecimento e consentimento. A ilimitada liberdade permitida aos filhos hoje em dia tem-se provado a ruína de milhares. A quantos se tem permitido permanecer na rua à noite, e os pais se comprazem em ignorar as amizades de seus filhos. Não raro são escolhidos companheiros cuja influência tende unicamente para a desmoralização. FEC 62.3

Sob a proteção da noite, rapazes se reúnem em grupos para aprender suas primeiras lições em jogos de cartas, de azar, e para fumar e bebericar vinho ou cerveja. Filhos de pais religiosos se arriscam a entrar em bares para petiscar ou para qualquer outra extravagância semelhante, e assim colocam-se no caminho da tentação. A própria atmosfera desses ambientes cheira a blasfêmia e poluição. Ninguém pode permanecer por muito tempo aí sem se corromper. É em virtude de tais associações que jovens promissores estão se tornando embriagados e criminosos. É preciso guardar-se contra as próprias fontes do mal. Pais, a menos que saibais que o ambiente é irrepreensível, não permitais que vossos filhos saiam à rua depois de cair a noite, a fim de se empenharem em competições esportivas ao ar livre ou para se encontrarem com outros rapazes com o propósito de se divertirem. Se esta regra for rigidamente imposta, a obediência tornar-se-á habitual, cessando o desejo de transgressão. FEC 63.1

Os que estão buscando escudar os jovens contra a tentação e prepará-los para uma vida de utilidade, acham-se empenhados numa boa obra. Alegramo-nos em ver, em qualquer instituição de ensino, o reconhecimento da importância da devida restrição e disciplina para os jovens. Oxalá sejam os esforços de todos os instrutores assim coroados de êxito. — The Signs of the Times, 2 de Março de 1882. FEC 63.2