Fundamentos da Educação Cristã

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Os professores como exemplos de integridade cristã

Tenho uma mensagem para os que estão à frente de nossas instituições educacionais. Sou instruída a chamar a atenção de todos quantos ocupam uma posição de responsabilidade, para a lei divina como base de toda conduta correta. Devo começar chamando a atenção para a lei dada no Éden, e para a recompensa da obediência e o castigo da desobediência. FEC 504.1

Como resultado da transgressão de Adão, o pecado penetrou no belo mundo criado por Deus, e os homens e as mulheres tornaram-se cada vez mais ousados em desobedecer a Sua lei. O Senhor olhou para o mundo impenitente, e decidiu que precisava dar aos transgressores uma exibição de Seu poder. Ele revelou Seu propósito a Noé, e recomendou-lhe que advertisse o povo enquanto construía uma arca na qual os obedientes pudessem encontrar abrigo até haver passado a indignação divina. Durante cento e vinte anos, Noé proclamou a mensagem de advertência ao mundo antediluviano; mas bem poucos se arrependeram. Alguns dos carpinteiros que ele empregou na construção da arca creram na mensagem, mas morreram antes do Dilúvio; outros conversos de Noé apostataram. Os justos sobre a Terra eram poucos, e só oito viveram até entrar na arca. Estes foram Noé e sua família. FEC 504.2

A raça rebelde foi exterminada pelo Dilúvio. A morte constituiu o seu quinhão. Pelo cumprimento da advertência profética de que todos quantos não quisessem guardar os mandamentos do Céu haveriam de beber as águas do Dilúvio, foi exemplificada a verdade da Palavra de Deus. FEC 504.3

Após o Dilúvio as pessoas aumentaram novamente sobre a Terra, e a perversidade também aumentou. A idolatria tornou-se quase universal, e o Senhor deixou finalmente que os transgressores empedernidos seguissem seus maus caminhos, enquanto escolhia a Abraão, da linhagem de Sem, e o tornava o defensor de Sua lei para gerações futuras. Veio-lhe a mensagem: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei.” Pela fé Abraão obedeceu; “e partiu sem saber aonde ia”. FEC 504.4

A descendência de Abraão se multiplicou, e finalmente Jacó, seus filhos e suas famílias desceram ao Egito. Eles e seus descendentes permaneceram ali durante muitos anos, até afinal o Senhor os chamar para fora, a fim de conduzi-los à terra de Canaã. Era Seu desígnio fazer desta nação de escravos um povo que revelasse Seu caráter às nações idólatras do mundo. Se houvessem sido obedientes à Sua palavra, logo teriam entrado na terra prometida. Eles foram, porém, desobedientes e rebeldes, e durante quarenta anos viajaram no deserto. Só dois dos adultos que saíram do Egito entraram em Canaã. FEC 505.1

Foi durante a peregrinação dos israelitas no deserto que Deus lhes deu Sua lei. Ele conduziu-os ao Sinai, e ali, no meio de cenas de terrível magnificência, proclamou os Dez Mandamentos. FEC 505.2

Podemos com proveito estudar o relato dos preparativos feitos pela congregação de Israel para ouvir a lei. “No terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia desse mês, vieram ao deserto de Sinai. Tendo partido de Refidim, vieram ao deserto de Sinai, no qual se acamparam; ali, pois, se acampou Israel em frente do monte. Subiu Moisés a Deus, e do monte o Senhor o chamou e lhe disse: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos cheguei a Mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardardes a Minha aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a Terra é Minha. FEC 505.3

Quem, então, deve ser considerado como o Soberano das nações? — O Senhor Deus Onipotente. Todos os reis, todos os governadores, todas as nações, são Seus e estão sob Seu domínio e autoridade. FEC 505.4

“Veio Moisés, chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras, que o Senhor lhe havia ordenado.” FEC 506.1

Qual foi a resposta da congregação, em número de mais de um milhão de pessoas? FEC 506.2

“Então o povo respondeu à uma: Tudo o que o Senhor falou, faremos. E Moisés relatou ao Senhor as palavras do povo.” FEC 506.3

Assim os filhos de Israel foram denominados povo especial. Por meio de soleníssimo concerto comprometeram-se a ser leais a Deus. FEC 506.4

Ordenou-se, então, que o povo se preparasse para ouvir a lei. Na manhã do terceiro dia foi ouvida a voz de Deus. Falando da espessa escuridão que O envolvia, encontrando-Se Ele sobre o monte, rodeado de um séquito de anjos, o Senhor deu a conhecer a Sua lei. FEC 506.5

Deus associou a proclamação de Sua lei com manifestações de Seu poder e glória, para que o povo ficasse imbuído de profunda veneração pelo Autor da lei, o Criador do Céu e da Terra. Queria também mostrar a todos os homens a santidade, a importância e a estabilidade de Sua lei. FEC 506.6

O povo de Israel ficou possuído de terror. Eles se afastaram da montanha com reverente temor. A multidão clamou a Moisés: “Fala-nos tu; porém não fale Deus conosco, para que não morramos.” FEC 506.7

As mentes do povo, cegadas e degradadas pela escravidão, não estavam preparadas para apreciar plenamente os princípios de grande alcance dos dez preceitos de Deus. Para que as obrigações do Decálogo pudessem ser compreendidas e impostas de maneira mais completa, foram dados preceitos adicionais, ilustrando e aplicando os preceitos dos Dez Mandamentos. Ao contrário do Decálogo, estes foram transmitidos em particular a Moisés, o qual devia comunicá-los ao povo. FEC 506.8

Ao descer do monte, “veio, pois, Moisés, e referiu ao povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos; então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que falou o Senhor, faremos. Moisés escreveu todas as palavras do Senhor e, tendo-se levantado pela manhã de madrugada, erigiu um altar ao pé do monte, e doze colunas, segundo as doze tribos de Israel. E enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram ao Senhor holocaustos, e sacrifícios pacíficos de novilhos. Moisés tomou metade do sangue, e o pôs em bacias; e outra metade espargiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança, e o leu ao povo; e eles disseram: Tudo o que falou o Senhor, faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas palavras”. FEC 506.9

Assim, por meio de soleníssima cerimônia, os filhos de Israel foram mais uma vez separados como povo peculiar. O espargir do sangue representava o derramamento do sangue de Jesus, pelo qual os seres humanos são purificados do pecado. FEC 507.1

O Senhor tem novamente palavras especiais a serem dirigidas a Seu povo. Lemos no capítulo trinta e um do livro de Êxodo: FEC 507.2

“Disse mais o Senhor a Moisés: Tu, pois, falarás aos filhos de Israel, e lhes dirás: Certamente guardareis os Meus sábados; pois é sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o Senhor, que vos santifica. ... Pelo que os filhos de Israel guardarão o sábado, celebrando-o por aliança perpétua nas suas gerações. Entre Mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, e ao sétimo dia descansou e tomou alento. E, tendo acabado de falar com ele no Monte Sinai, deu a Moisés as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.” FEC 507.3

Foram-me apresentados muitos outros textos acerca da santidade da lei de Deus. Cena após cena, estendendo-se até o tempo presente, passou perante mim. As palavras proferidas por Deus a Israel foram confirmadas. O povo desobedeceu, e só dois dos adultos que saíram do Egito entraram em Canaã. Os outros morreram no deserto. Não vindicará o Senhor Sua Palavra hoje em dia, se os dirigentes de Seu povo se afastarem de Seus mandamentos? FEC 508.1

Minha atenção foi chamada para o quarto capítulo de Deuteronômio. Deve ser estudado todo este capítulo. Notai especialmente a declaração: “Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus em cima no Céu, e embaixo na Terra; nenhum outro há. Guarda, pois, os Seus estatutos e os Seus mandamentos, que te ordeno hoje, para que te vá bem a ti, e a teus filhos depois de ti, e para que prolongues os dias na terra que o Senhor teu Deus te dá para todo o sempre.” FEC 508.2

Os capítulos oito e onze de Deuteronômio também significam muito para nós. As lições neles contidas são de suma importância, e são dadas a nós tão verdadeiramente como aos israelitas. Deus declara no capítulo onze: FEC 508.3

“Eis que hoje Eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que hoje vos ordeno para seguirdes outros deuses que não conhecestes.” FEC 508.4

Como mensageira do Senhor, tenho sido instruída a alongar-me particularmente sobre o relato do pecado de Moisés e seu triste resultado, como solene lição para os que ocupam posições de responsabilidade em nossas escolas, e especialmente para os que desempenham a função de diretores dessas instituições. FEC 508.5

Diz a Palavra de Deus a respeito de Moisés: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a Terra.” Por muito tempo ele suportara a rebelião e obstinação de Israel. Mas afinal sua paciência falhou. Eles se encontravam nas fronteiras da terra prometida. Antes, porém, de entrarem em Canaã, precisavam demonstrar que criam nas promessas de Deus. A provisão de água acabou. Era esta uma oportunidade para andarem por fé, e não por vista. Mas eles olvidaram a Mão que por tantos anos suprira suas necessidades, e, em vez de se volverem para Deus em busca de auxílio, murmuraram contra Ele. FEC 508.6

Seus clamores foram dirigidos contra Moisés e Arão: “Por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para morrermos aí, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar, que não é de cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber?” FEC 509.1

Os dois irmãos colocaram-se à frente da multidão. Mas, em vez de falar à rocha, como Deus ordenara, Moisés feriu a rocha iradamente, clamando: “Ouvi, agora, rebeldes, porventura faremos sair água desta rocha para vós?” FEC 509.2

Amargo e profundamente humilhante foi o juízo proferido imediatamente. “Visto que não crestes em Mim, para Me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não fareis entrar este povo na terra que lhe dei.” Teriam de morrer com o rebelde Israel antes de atravessar o Jordão. FEC 509.3

Da experiência de Moisés, o Senhor quer que Seu povo aprenda que quando eles fazem o que dá preeminência ao próprio eu, Sua obra é negligenciada e Ele é desonrado. O Senhor Se oporá aos que trabalham contra Ele. Seu nome, e só este, deve ser engrandecido na Terra. FEC 509.4

Por mais de vinte anos têm ocorrido coisas estranhas entre nós, em ocasiões diferentes. Os que se tornaram infiéis e que não exaltaram os princípios da justiça, devem agora buscar o Senhor com profunda humilhação da alma, e converter-se, para que Deus possa curar as suas transgressões. FEC 509.5

Aquele que está à frente de uma escola deve dedicar todos os seus interesses à obra de torná-la exatamente o que o Senhor quer que ela seja. Se ele ambiciona subir cada vez mais alto, se se coloca acima das reais virtudes de seu trabalho e acima de sua simplicidade, e despreza os santos princípios do Céu, aprenda ele da experiência de Moisés que o Senhor certamente manifestará Seu desagrado para com o seu fracasso em atingir à norma colocada diante dele. FEC 510.1

Em especial, deve o diretor de uma escola cuidar atentamente das finanças da instituição. Deve compreender os princípios básicos da contabilidade. Cumpre-lhe relatar fielmente o emprego de todo o dinheiro que passe pelas suas mãos para o uso da escola. Não devem os fundos da escola ser retirados em excesso, mas se deve envidar todo esforço para aumentar a utilidade da escola. Aqueles a quem foi confiada a direção das finanças de nossas instituições educacionais não devem permitir nenhum descuido no dispêndio dos meios. Tudo o que se relacione com as finanças de nossas escolas deve ser perfeitamente correto. As maneiras de Deus, devem ser estritamente seguidas, embora isso não esteja em harmonia com as maneiras dos homens. FEC 510.2

Desejo dizer aos que dirigem nossas escolas: Estais tornando a Deus e Sua lei vosso deleite? Os princípios que adotais são corretos, puros e genuínos? Na vida prática, mantendes a vós mesmos sob o controle de Deus? Compreendeis a necessidade de obedecer-Lhe em todos os pormenores? Se fordes tentados a empregar o dinheiro que entra em nossas escolas de maneira que nenhum benefício especial lhes traga, vossa norma de princípios precisa ser cuidadosamente criticada, para que não chegue o tempo em que tenhais de ser criticados e achados em falta. Quem é o vosso guarda-livros? Quem é o vosso tesoureiro? Quem é o vosso gerente financeiro? São cuidadosos e competentes? Vede isto. É possível ser o dinheiro mal-empregado, sem que se entenda claramente como isso veio a acontecer; e é possível uma escola estar continuamente perdendo, devido a gastos nada sensatos. Podem as pessoas encarregadas sentir agudamente essa perda e ainda supor que fizeram o melhor que podiam. Mas por que permitem que as dívidas se acumulem? Verifiquem cada mês os responsáveis por uma escola a sua verdadeira situação financeira. FEC 510.3

Meus irmãos de responsabilidade, exaltai a lei do reino de Cristo prestando-lhe obediência voluntária. Se vós mesmos não estais sob o controle do Soberano do Universo, como podeis obedecer a Sua lei, segundo é requerido em Sua Palavra? Aqueles que foram colocados em posições de autoridade são, eles próprios, os que necessitam compreender perfeitamente sua responsabilidade para com a lei de Deus e a importância de obedecer a todos os seus requisitos. FEC 511.1

Nalguns aspectos, muitos dos que se acham ligados a nossas escolas deveriam estar numa plataforma mais elevada. Sabemos que alguns têm o resoluto propósito de ser obedientes a toda palavra que procede da boca de Deus. A tais homens e mulheres será concedido poder intelectual para discernir a diferença entre a justiça e a iniqüidade. Possuem a fé que atua pelo amor e purifica a alma, e revelam Deus ao mundo. FEC 511.2

Todos nós precisamos obter muito mais profunda experiência nas coisas de Deus do que temos obtido. O próprio eu tem de morrer, e Cristo deve tomar posse do templo da alma Médicos, ministros, professores e todos os outros em posições de responsabilidade precisam aprender a humildade de Cristo antes que Ele possa ser revelado neles. Com demasiada frequência, o próprio eu é uma força tão importante na vida de um homem, que o Senhor não é capaz de moldá-lo e modelá-lo. O próprio eu domina a torto e a direito, e a pessoa se lança à frente do modo como lhe apraz. Cristo diz ao próprio eu: “Saia do Meu caminho. Todo aquele que quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me. Então posso aceitá-lo como Meu discípulo. A fim de servir-Me satisfatoriamente, ele deve fazer a obra que lhe dei em harmonia com as Minhas instruções.” — The Review and Herald, 23 de Agosto de 1906, p. 16. FEC 511.3