Fundamentos da Educação Cristã

8/114

Cristo como educador

A mente humana é suscetível do mais elevado cultivo. Uma vida devotada a Deus não deve ser uma vida de ignorância. Muitos falam contra a instrução, devido a ter Jesus escolhido incultos pescadores para pregar Seu evangelho. Afirmam haver Ele mostrado preferência pelos ignorantes. Muitos homens instruídos e de destaque acreditaram em Seus ensinos. Houvessem estes, destemidamente, obedecido às convicções da consciência, e havê-Lo-iam seguido. Suas aptidões teriam sido aceitas e empregadas no serviço de Cristo, caso as houvessem oferecido. Não tiveram, no entanto, força moral, em presença dos severos sacerdotes e ciumentos príncipes, para confessar a Cristo e arriscar a própria reputação, ligando-se ao humilde Galileu. FEC 47.1

Aquele que conhecia o coração de todos, compreendeu isto. Se os educados e nobres não queriam fazer a obra que se achavam habilitados a executar, Cristo escolheria homens que haviam de ser obedientes e fiéis no cumprimento de Sua vontade. Escolheu homens humildes e uniu-os a Si, a fim de os educar para levar avante na Terra a grande obra, quando os houvesse de deixar. FEC 47.2

Cristo era a luz do mundo. A fonte de todo o conhecimento. Era capaz de habilitar os ignorantes pescadores para receber a mais alta comissão que lhes queria confiar. As lições da verdade, ministradas a esses modestos homens, eram de grande significação. Deviam abalar o mundo. Parecia coisa simples Jesus ligar essas humildes pessoas a Si; foi, porém, um acontecimento que produziu estupendos resultados. Suas palavras e obras deviam revolucionar o mundo. FEC 47.3

Jesus não desprezava a educação. A mais alta cultura do espírito, quando santificada mediante o amor e o temor de Deus, recebe Sua inteira aprovação. Os humildes homens escolhidos por Cristo estiveram com Ele por três anos, sujeitos à enobrecedora influência da Majestade do Céu. Cristo foi o maior educador que o mundo já conheceu. FEC 47.4

Deus aceitará a mocidade com seus talentos e a opulência de suas afeições, caso a Ele se consagrem. É-lhes possível atingir o mais elevado grau de grandeza intelectual; e, se forem equilibrados pelos princípios religiosos, poderão levar avante a obra que Cristo veio do Céu efetuar, sendo assim coobreiros do Mestre. FEC 48.1

Os alunos de nosso Colégio têm valiosos privilégios, não somente de obter conhecimentos de ciências, mas também de aprender a cultivar e pôr em prática virtudes que lhes proporcionarão caráter simétrico. São os responsáveis agentes morais de Deus. Os talentos da fortuna, da posição e da inteligência, são por Deus dados ao homem, em depósito, a fim de serem sabiamente aproveitados. Esses vários depósitos Ele distribuiu proporcionalmente às conhecidas faculdades e aptidões de Seus servos — a cada um a sua obra. FEC 48.2

O Doador espera retribuições proporcionais às dádivas. O dom mais humilde não deve ser desprezado ou permanecer inativo. O pequeno regato não diz: Não correrei mais em meu leito estreito porque não sou um rio caudaloso. As hastes de capim não se negam a crescer pelo fato de não serem árvores da floresta. A lâmpada não recusa emitir sua pequena luz porque não é uma estrela. A Lua e as estrelas não recusam brilhar por não possuírem a brilhante luz do Sol. Cada pessoa tem sua própria esfera e vocação peculiares. Os que tiram o máximo proveito das oportunidades que lhes foram dadas por Deus devolverão ao Doador, por meio de seu desenvolvimento, juros proporcionais ao capital aplicado. FEC 48.3

O Senhor não galardoa a grande quantidade de trabalho. Ele não considera a grandeza da obra da mesma maneira que a fidelidade com que é realizada. Os servos bons e fiéis são recompensados. Ao cultivarmos as faculdades que Deus nos concedeu aqui, aumentaremos em conhecimento e percepção, e seremos habilitados a compreender e apreciar a vida imortal. Os que têm abusado dos privilégios que Deus lhes dá nesta vida, e que se contentam com a sua ignorância, tendo a mente completamente ocupada com assuntos insignificantes para si mesmos ou para os outros, não compreenderão a responsabilidade pessoal, não subjugarão as más tendências nem fortalecerão nobres resoluções para uma vida mais pura, elevada e santa. FEC 48.4

Os jovens devem educar-se para o mundo futuro. Perseverança na aquisição de conhecimento, controlada pelo temor e amor de Deus, dar-lhes-á crescente poder para o bem nesta vida, e os que tirarem o máximo proveito de seus privilégios para alcançar aqui as mais elevadas consecuções, levarão estas valiosas aquisições consigo para a vida futura. Buscaram e obtiveram o que é imperecível. A capacidade para apreciar as glórias que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram”, será proporcional às consecuções alcançadas mediante o cultivo das faculdades, nesta vida. FEC 49.1

Os que esvaziarem o coração de toda vaidade e escória, pela graça de Deus poderão purificar as câmaras da mente, tornando-a um tesouro de conhecimento, pureza e verdade. E ela estará constantemente estendendo-se além dos estreitos limites do pensamento mundano, para a vastidão do Infinito. A justiça e a misericórdia de Deus serão reveladas às percepções morais. Será discernido o nefando caráter do pecado, com seus resultados. O caráter de Deus, Seu amor manifestado na dádiva de Seu Filho para morrer pelo mundo, e a beleza da santidade, são excelsos assuntos para meditação. Fortalecerão o intelecto e porão o homem em íntima comunhão com o Infinito. — The Review and Herald, 21 de Junho de 1877. FEC 49.2