Fundamentos da Educação Cristã

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Educação mais elevada

A expressão “educação superior” deve ser considerada sob um ponto de vista diferente do que tem sido encarada pelos estudantes de ciências. A oração de Cristo a Seu Pai está repleta de eterna verdade. “Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao Céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a Teu Filho, para que o Filho Te glorifique a Ti; assim como Lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que Ele conceda a vida eterna a todos os que Lhe deste. E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” “Porque Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não Lhe dá Deus o Espírito por medida. O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas Suas mãos. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.” O poder e a alma da verdadeira educação é o conhecimento de Deus e de Jesus Cristo, a quem Ele enviou. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” FEC 392.1

Está escrito a respeito de Jesus: “Crescia o Menino e Se fortalecia, enchendo-Se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele. ... E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.” O conhecimento de Deus constituirá uma espécie de conhecimento que será tão duradouro como a eternidade. Aprender e executar as obras de Cristo é obter uma educação verdadeira. Se bem que o Espírito Santo movia a mente de Cristo de modo que pudesse dizer a Seus pais: “Por que é que Me procuráveis? Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai?”, Ele trabalhou entretanto no ofício de carpinteiro como filho obediente. Revelou que tinha conhecimento de Sua obra como Filho de Deus, e, no entanto, não exaltou Seu caráter divino. Não apresentou o fato de que era divino como razão para esquivar-Se de levar o fardo dos cuidados temporais, mas era submisso a Seus pais. Era o Senhor dos mandamentos, todavia foi obediente a todas as suas reivindicações, deixando assim um exemplo de obediência para a infância, a juventude e a idade adulta. FEC 392.2

Se a mente se aplicar à tarefa de estudar a Bíblia para obter informação, ampliar-se-ão as faculdades do raciocínio. Submetida ao estudo das Escrituras, a mente se expande e torna-se mais bem equilibrada do que ocupando-se na obtenção de conhecimentos gerais dos livros que são usados e que não têm conexão com a Bíblia. Nenhum conhecimento é tão sólido, consistente, e de tão vasto alcance, como o que é obtido do estudo da Palavra de Deus. É a base de todo verdadeiro conhecimento. A Bíblia é como um manancial. Quanto mais se olha para o seu interior, tanto mais profundo parece à vista. As grandiosas verdades da história sagrada possuem estupenda força e beleza, e são tão vastas como a eternidade. Nenhuma ciência se iguala à que revela o caráter de Deus. Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios, disse porém o seguinte: “Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-vos, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente este grande povo é gente sábia e entendida. Pois, que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que O invocamos? E que grande nação há, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho? Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, que te não esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e se não apartem do teu coração todos os dias da tua vida, e os farás saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos.” FEC 393.1

Onde encontraremos leis mais nobres, puras e justas do que as que aparecem nos livros em que se acham registradas as instruções dadas a Moisés para os filhos de Israel? Estas leis devem perpetuar-se através de todos os tempos para que o caráter do povo de Deus possa ser formado à semelhança divina. A lei é uma muralha protetora para os que são obedientes aos preceitos de Deus. De que outra fonte podemos obter semelhante energia ou aprender tão nobre ciência? Que outro livro ensinará os homens a amar, temer e obedecer a Deus como a Bíblia? Que outro livro apresenta aos estudantes ciência mais enobrecedora, história mais maravilhosa? Claramente retrata a justiça e prediz a conseqüência da deslealdade à lei de Jeová. Ninguém é deixado em trevas quanto ao que Deus aprova ou desaprova. Estudando as Escrituras travamos conhecimento com Deus e somos levados a compreender nossa relação com Cristo, o qual é o portador dos pecados, o penhor, o substituto de nossa raça caída. Estas verdades dizem respeito a nossos interesses presentes e eternos. A Bíblia supera todos os livros e seu estudo é mais valioso do que o estudo de qualquer outra literatura para dar vigor e expansão à mente. Paulo declara: “Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância sabes as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” “Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” FEC 393.2

A Palavra de Deus é o livro mais perfeito que existe em nosso mundo. No entanto, em nossos colégios e escolas têm sido apresentados para o estudo de nossos alunos livros produzidos pela inteligência humana, e o Livro dos livros, que Deus deu aos homens como guia infalível, tem sido relegado a um plano secundário. Produções humanas têm sido usadas como mais essenciais, e a Palavra de Deus tem sido estudada simplesmente para dar colorido a outros estudos. Isaías descreve com a linguagem mais viva as cenas da glória do Céu que lhe foram apresentadas. Em todo o seu livro ele retrata coisas gloriosas que devem ser reveladas aos outros. Ezequiel escreve: “Veio expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar, e ali esteve sobre ele a mão do Senhor. Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, e uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto uma coisa como metal brilhante que saía do meio do fogo. Do meio dessa nuvem saía a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era esta: tinham a semelhança de homem. Cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas. As suas pernas eram direitas, a planta de cujos pés era como a de um bezerro, e luzia como o brilho de bronze polido. Debaixo das asas tinham mãos de homens, aos quatro lados; assim todos quatro tinham seus rostos e suas asas. Estas se uniam uma à outra; não se viravam quando iam; cada qual andava para a sua frente. A forma de seus rostos era como o de homem; à direita os quatro tinham rosto de leão; à esquerda, rosto de boi; e também rosto de águia todos os quatro.” O livro de Ezequiel é profundamente instrutivo. FEC 394.1

Deus designou que a Bíblia seja o Livro pelo qual possa ser disciplinado o entendimento, e guiada e dirigida a alma. Viver no mundo, e, no entanto, não ser do mundo, é um problema que muitos professos cristãos jamais resolveram em sua vida prática. O engrandecimento intelectual só advirá a uma nação à medida que os homens retornarem a sua lealdade para com Deus. O mundo está inundado de livros de informação geral, e os homens ocupam a mente no exame de histórias não inspiradas; mas negligenciam o Livro mais admirável, que pode dar-lhes as idéias mais corretas e a compreensão mais ampla. — The Review and Herald, 25 de Fevereiro de 1896. FEC 395.1