Fundamentos da Educação Cristã

60/114

Estudai a Bíblia por vós mesmos

Não permitais que alguém sirva de cérebro para vós, não permitais que alguém pense, investigue e ore em vosso lugar. Esta é a instrução que necessitamos levar a sério hoje em dia. Muitos de vós estais convencidos de que o precioso tesouro do reino de Deus e de Jesus Cristo se encontra na Bíblia que tendes na mão. Sabeis que nenhum tesouro terrestre é atingível sem esforço diligente. Por que esperaríeis compreender os tesouros da Palavra de Deus sem examinar diligentemente as Escrituras? FEC 307.1

É apropriado e correto ler a Bíblia; mas o vosso dever não termina aí; pois deveis examinar as suas páginas por vós mesmos. O conhecimento de Deus não é obtido sem esforço mental, sem oração por sabedoria a fim de poderdes separar o genuíno grão da verdade da palha com que os homens e Satanás têm deturpado as doutrinas verdadeiras. Satanás e sua confederação de agentes humanos têm procurado misturar a palha do erro com o trigo da verdade. Devemos buscar diligentemente o tesouro escondido e pedir sabedoria do Céu a fim de separar as invenções humanas das ordens divinas. O Espírito Santo auxiliará o que procura grandes e preciosas verdades relacionadas com o plano da redenção. Quisera impressionar a todos com o fato de que a leitura casual das Escrituras não é o suficiente. Precisamos examiná-las, e isto significa fazer tudo o que é abrangido por essa palavra. Assim como o mineiro explora ansiosamente a terra para descobrir os veios de ouro, deveis examinar a Palavra de Deus em busca do tesouro escondido que Satanás há tanto tempo tem procurado ocultar ao homem. Diz o Senhor: “Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina.” João 7:17. FEC 307.2

A Palavra de Deus é verdade e luz, e deve ser uma lâmpada para os vossos pés, a fim de guiar todos os vossos passos no caminho para as portas da cidade de Deus. É por esta razão que Satanás tem feito tão desesperados esforços para obstruir a vereda preparada para que nela andem os resgatados do Senhor. Não deveis levar vossas idéias para a Bíblia e fazer de vossas opiniões o centro em torno do qual gire a verdade. Deveis pôr de lado as vossas idéias no começo da investigação, e com coração humilde e submisso, com o próprio eu escondido em Cristo, com fervorosa oração, buscar sabedoria de Deus. Deveis sentir que precisais conhecer a revelada vontade de Deus, porque isto diz respeito a vosso bem-estar pessoal e eterno. A Bíblia é o roteiro pelo qual podeis conhecer o caminho para a vida eterna. Acima de tudo deveis desejar conhecer a vontade e os caminhos do Senhor. Não deveis examinar com o objetivo de encontrar passagens da Escritura que possais interpretar de molde a provar vossas teorias; pois a Palavra de Deus declara que isto é torcer as Escrituras para a vossa própria destruição. Precisais esvaziar-vos de todo preconceito e examinar a Palavra de Deus com espírito de oração. FEC 307.3

O grande erro da Igreja Católica reside no fato de que a Bíblia é interpretada à luz das opiniões dos “pais”. Suas opiniões são consideradas infalíveis, e os dignitários da Igreja supõem ser sua prerrogativa obrigar os outros a crer como eles e usar a força para compelir a consciência. Os que não concordam com eles são declarados heréticos. Mas não é assim que deve ser interpretada a Palavra de Deus. Ela deve basear-se em seus próprios méritos eternos, ser lida como a Palavra de Deus, obedecida como a voz de Deus que revela Sua vontade para as pessoas. A vontade e a voz de homens finitos não devem ser interpretadas como sendo a voz de Deus. FEC 308.1

A bendita Bíblia nos dá o conhecimento do grandioso plano da salvação e nos mostra como todo indivíduo pode ter vida eterna. Quem é o autor desse Livro? — Jesus Cristo. Ele é a Testemunha Verdadeira, e diz para os que Lhe pertencem: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da Minha mão.” A Bíblia deve mostrar-nos o caminho a Cristo, e em Cristo é revelada a vida eterna. Jesus disse aos judeus e aos que se comprimiam ao Seu redor em grandes multidões: “Examinai as Escrituras”. Os judeus tinham a Palavra contida no Antigo Testamento; misturaram-na, porém, de tal maneira com as opiniões humanas que suas verdades foram mistificadas, e encoberta a vontade de Deus para com o homem. Os ensinadores religiosos do povo estão seguindo o seu exemplo neste século. FEC 308.2

Conquanto tivessem as Escrituras que testificavam de Cristo, os judeus não foram capazes de discernir a Cristo nas Escrituras; e embora tenhamos o Antigo e o Novo Testamento, os homens torcem as Escrituras para evadir-se às suas verdades; e, em suas interpretações das Escrituras, eles ensinam — como o faziam os fariseus — os preceitos e as tradições dos homens em lugar dos mandamentos de Deus. Nos dias de Cristo os dirigentes religiosos haviam por tanto tempo apresentado idéias humanas diante do povo, que os ensinos de Cristo se opunham em todo o sentido a suas teorias e práticas. Seu sermão na montanha contradisse virtualmente as doutrinas dos presunçosos escribas e fariseus. Eles haviam representado tão mal a Deus que Ele era considerado um juiz severo, destituído de compaixão, misericórdia e amor. Apresentavam ao povo inumeráveis preceitos e tradições como procedentes de Deus, embora não tivessem um “Assim diz o Senhor” por sua autoridade. Conquanto professassem conhecer e adorar o Deus vivo e verdadeiro, desfiguravam-nO completamente; e o caráter de Deus, da maneira como era retratado por Seu Filho, constituía um assunto original, uma nova dádiva ao mundo. FEC 309.1

Cristo fez todo o esforço possível para remover de tal modo a deturpação feita por Satanás, que pudesse ser restabelecida a confiança do homem no amor de Deus. Ele ensinou os homens a dirigirem-se ao Supremo Governador do Universo pelo novo nome: “Pai Nosso.” Este nome indica Sua verdadeira relação para conosco, e, quando proferido com sinceridade pelos lábios humanos, é qual música aos ouvidos de Deus. Cristo nos conduz ao trono de Deus por um novo e vivo caminho, a fim de apresentá-Lo a nós em Seu amor paternal. — The Review and Herald, 11 de Setembro de 1894. FEC 309.2