Fundamentos da Educação Cristã
Aos professores
Todos os que têm de lidar com a educação da classe mais nova de estudantes devem considerar que essas crianças são afetadas pela atmosfera reinante, e sentem as suas impressões, quer seja agradável quer desagradável. FEC 260.1
Se o professor está ligado com Deus, se Cristo habita em seu coração, o espírito nutrido por ele é percebido pelas crianças. Quando um professor manifesta impaciência ou irritabilidade para com uma criança, esta talvez não tenha nem metade da culpa que cabe ao professor. Os mestres ficam cansados com seu trabalho, e então qualquer coisa que as crianças dizem ou fazem não se harmoniza com os seus sentimentos; consentirão, porém, que neles penetre o espírito de Satanás, incentivando-os a suscitar nas crianças sensações muito desagradáveis e molestas, por sua própria falta de tato e de sabedoria proveniente de Deus? Não se deve empregar um professor a menos que se tenha provas bem concretas de que ele ama a Deus e receia ofendê-Lo. Caso os professores sejam ensinados por Deus, se aprendem diariamente na escola de Cristo, labutarão segundo as normas de Cristo. Cativarão e atrairão com Ele; pois toda criança e todo jovem são preciosos. FEC 260.2
Todo professor necessita de que Cristo habite em seu coração pela fé, e de possuir genuíno espírito de abnegação e sacrifício por amor a Cristo. O indivíduo pode ter suficiente educação e conhecimento nas ciências para lecionar; mas foi averiguado se ele possui tato e sabedoria para lidar com mentes humanas? Se os mestres não têm no coração o amor de Cristo, não se acham habilitados para serem postos em contato com crianças e para assumir as solenes responsabilidades colocadas sobre eles, de educar tais crianças e jovens. Eles mesmos carecem da educação e do preparo mais elevado e não sabem como lidar com mentes humanas. O espírito de seu próprio coração natural e insubordinado procura assumir o controle, e submeter o maleável intelecto e caráter das crianças a semelhante disciplina, equivale a deixar na mente cicatrizes e lesões que jamais se dissiparão. FEC 260.3
Caso o professor não possa ser levado a sentir a responsabilidade e o cuidado que sempre deveria revelar ao lidar com mentes humanas, sua educação tem sido, nalguns casos, muito imperfeita. A instrução recebida na vida familiar tem sido prejudicial para o caráter, e é deplorável que esse caráter e essa orientação deficiente se reproduzam nas crianças colocadas sob a sua direção. Somos submetidos à prova diante de Deus para ver se podemos fazer parte individualmente do número de remidos de que se comporá a família no Céu. “Vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.” FEC 261.1
São aqui representados o grande trono branco e Aquele que nele Se assenta, de cuja presença fugiram a Terra e o céu. Todo professor deve considerar que realiza sua obra à vista do Universo celestial. Toda criança com que o professor é posto em contato foi adquirida pelo sangue do Filho unigênito de Deus, e Aquele que morreu por essas crianças quer que sejam tratadas como Sua propriedade. Certificai-vos, professores, de que vosso contato com cada uma dessas crianças seja de tal natureza que não tenhais de envergonhar-vos quando vos encontrardes com elas no grande dia em que toda palavra e ação passar em revista diante de Deus e, com o seu fardo de resultados, patentear-se perante vós individualmente. “Comprados por preço” — oh! que preço, só a eternidade o poderá revelar! FEC 261.2
O Senhor Jesus Cristo tem infinita ternura para com os que Ele comprou à custa de Seus próprios sofrimentos na carne, a fim de que não perecessem com o diabo e seus anjos, mas pudessem ser por Ele reclamados como Seus escolhidos. São eles a reivindicação de Seu amor, de Sua propriedade peculiar; e contempla-os com inexprimível afeto, dando a fragrância de Sua própria justiça a Seus amados que nEle crêem. É preciso tato e sabedoria, humano amor e santificada afeição pelos preciosos cordeiros do rebanho, a fim de levá-los a ver e apreciar o privilégio de se submeterem à terna guia dos pastores fiéis. Os filhos de Deus exercerão a mansidão de Jesus Cristo. FEC 261.3
Mestres, Jesus Se encontra em vossa escola todos os dias. Seu grande coração de infinito amor é atraído, não somente para as crianças mais bem comportadas, que vivem nos mais favoráveis ambientes, mas para aquelas que receberam por herança objetáveis traços de caráter. Os próprios pais não têm compreendido quanto são responsáveis pelas qualidades desenvolvidas nos filhos, não tendo sabedoria e ternura para lidar com essas pobres crianças, a quem fizeram o que são. Deixam de remontar à causa dessas desalentadoras manifestações que constituem uma provação para eles. Jesus, porém, contempla com piedade e amor essas crianças, pois Ele vê e raciocina da causa para o efeito. FEC 262.1
O professor ou a professora pode ligar essas crianças a seu coração por meio do amor de Cristo habitando no templo da alma como doce fragrância, como aroma de vida para vida. Os professores podem, mediante a graça de Cristo a eles comunicada, ser o vivo instrumento humano — ser cooperadores de Deus — para iluminar, enaltecer, animar e ajudar a purificar a alma de sua contaminação moral; e a imagem de Deus será revelada na alma da criança, transformando-se o caráter pela graça de Cristo. FEC 262.2
Quando devidamente representado pelos que pretendem ser cristãos, o evangelho é o poder e a sabedoria de Deus. Cristo crucificado por nossos pecados deve humilhar em sua própria estima toda alma perante Deus. Cristo ressuscitado dentre os mortos, assunto ao Céu, nosso vivo Intercessor na presença de Deus, é a ciência da salvação que precisamos aprender e ensinar às crianças e aos jovens. Jesus declarou: “A favor deles Eu Me santifico a Mim mesmo, para que eles também sejam santificados.” É esta a obra que sempre recai sobre cada professor. Não se deve fazer nenhum trabalho descuidado neste sentido, pois até a educação das crianças nas escolas diárias requer muito da graça de Cristo e subjugação do próprio eu. Os que são naturalmente irritáveis, facilmente provocados, e têm acariciado o hábito de criticar e pensar mal, deveriam ter outra espécie de trabalho, que não reproduza, nas crianças e nos jovens, qualquer de seus traços desagradáveis de caráter, pois aqueles custaram preço demasiado alto. O Céu vê na criança o homem ou a mulher não desenvolvidos, com aptidões e poderes que, corretamente orientados e desenvolvidos, com sabedoria celestial, tornar-se-ão as instrumentalidades humanas pelas quais as influências divinas podem cooperar, para serem coobreiros de Deus. Palavras ásperas e contínua censura confundem, mas não reformam a criança. Não pronuncieis essa palavra irritada; conservai vosso próprio espírito sob a disciplina de Jesus Cristo; aprendereis então a ter compaixão e simpatia para com os que estiverem sob vossa influência. Não vos mostreis impacientes nem ásperos; pois, se essas crianças não precisassem educar-se, não necessitariam das vantagens da escola. Elas devem ser paciente, bondosa e amorosamente ajudadas ao subir a escada do progresso, subindo degrau após degrau na obtenção de conhecimentos. FEC 262.3
É uma instrumentalidade que opera diariamente que deve ser posta em exercício, uma fé que atua pelo amor e purifica a alma do educador. É a revelada vontade de Deus acatada como vossa autoridade suprema? Se Cristo, a esperança da glória, é formado no interior, a verdade de Deus agirá de tal maneira sobre vosso temperamento natural, que seu poder transformador será revelado num caráter transformado, e não convertereis a verdade de Deus em mentira perante qualquer de vossos alunos, por vossa influência mediante as manifestações de não santificado coração e temperamento; nem revelareis que a graça de Cristo não é suficiente para vós em todas as ocasiões e em todos os lugares, por vossa exteriorização de um temperamento egoísta, impaciente e que não se assemelha ao de Cristo, ao lidar com a mente humana. Evidenciareis, assim, que a autoridade de Deus sobre vós não é meramente nominal, mas em realidade e verdade. Deve haver uma separação de tudo o que é objetável ou não cristão, por mais difícil que seja para o verdadeiro crente. FEC 263.1
Indagai, professores que realizais a vossa obra não só para o presente mas para a eternidade: O amor de Cristo constrange meu coração e minha alma ao lidar com as preciosas almas pelas quais Jesus deu Sua própria vida? Sob Sua disciplina constrangedora, são dissipados velhos traços de caráter que não se harmonizam com a vontade de Deus, e substituídos por outros inteiramente diferentes? FEC 264.1
“Dar-vos-ei coração novo.” Todas as coisas tornaram-se novas por meio de vossa conversão ao Senhor Jesus Cristo? Por palavras e laborioso esforço, estais semeando tal semente nestes jovens corações que podeis convidar o Senhor a regá-la, para que, com Sua justiça imputada, se transforme numa esplêndida colheita? Perguntai a vós mesmos: Por minhas próprias palavras não santificadas e impaciência, e por falta da sabedoria do alto, será que estou confirmando estes jovens em seu próprio espírito perverso, por verem que seu professor tem um espírito contrário ao de Cristo? Se eles morrerem em seus pecados, acaso não serei responsável por sua alma? A alma que ama a Jesus, que aprecia o poder salvador de Sua graça, sentirá tal atração por Cristo que desejará trabalhar segundo as Suas normas. Ele não pode nem ousará deixar que Satanás controle seu espírito e que sua alma seja circundada de pernicioso miasma. Será posto de lado tudo o que corrompe a sua influência, porque se opõe à vontade de Deus e faz perigar a alma das preciosas ovelhas e dos cordeiros. Compete-lhe velar pelas almas, como quem deve prestar contas. Onde quer que, em Sua providência, Deus nos tenha colocado, seremos guardados por Ele; a nossa força será como os nossos dias. FEC 264.2
Todo aquele que transige com seus sentimentos e impulsos naturais torna-se débil e indigno de confiança, pois é um conduto pelo qual Satanás pode comunicar-se para manchar e corromper muitas almas. Esses pecaminosos acessos que controlam a pessoa tendem a enervá-la, e ignomínia e confusão constituem o infalível resultado. O espírito de Jesus Cristo sempre exerce um poder renovador e restaurador sobre a alma que se compenetra de sua própria debilidade e corre para o Ser imutável que pode outorgar graça e poder para resistir ao mal. Nosso Redentor tinha uma natureza humana muito compreensiva. Seu coração sempre se comovia diante do manifesto desamparo da criancinha exposta a maus-tratos; pois Ele amava as crianças. O mais fraco clamor do sofrimento humano jamais chegava inutilmente ao Seu ouvido. E todos os que assumem a responsabilidade de instruir os jovens depararão com corações empedernidos, disposições perversas, e sua obra é cooperar com Deus na restauração de Sua imagem moral em cada criança. Jesus — precioso Jesus — havia em Sua alma um completo manancial de amor. Os que ensinam as crianças devem ser homens e mulheres de princípios. FEC 264.3
A vida religiosa de um grande número de indivíduos que professam ser cristãos é de molde a revelar que não são cristãos. Estão constantemente representando mal a Cristo, falsificando-Lhe o caráter. Não percebem a importância dessa transformação de caráter, e que precisam adaptar-se a Sua semelhança divina. Às vezes exibirão também ao mundo um falso aspecto do cristianismo, que causará a ruína das almas colocadas em associação com eles, pelo próprio motivo de que, embora professem ser cristãos, não se acham sob a direção de Jesus Cristo. Seus traços de caráter hereditários e cultivados são acariciados como preciosas habilitações, quando, em realidade, exercem deletéria influência sobre outras mentes. Em termos bem claros e simples, caminham nas faíscas que eles mesmos acenderam. Possuem uma religião sujeita às circunstâncias e controlada por elas. Se tudo parece correr da maneira que lhes apraz, e não há circunstâncias irritantes que ponham a descoberto sua natureza insubmissa e que não se assemelha à de Cristo, são condescendentes e agradáveis, e serão muito atraentes. Quando ocorrerem certas coisas na família ou em sua associação com outros, que perturbem sua paz e provoquem seu mau gênio, se colocarem todas as circunstâncias diante de Deus e continuarem a fazer seu pedido, suplicando Sua graça antes de se empenharem nas tarefas diárias como professores, e conhecerem por si mesmos o poder e a graça e o amor de Cristo habitando em seu próprio coração antes de iniciarem suas labutas, anjos de Deus são levados com eles para a sala de aula. Se entrarem, porém, na sala de aula com um espírito exasperado e irritado, a atmosfera moral que circunda sua alma deixará sua impressão sobre as crianças que se acham sob os seus cuidados, e, em vez de estarem habilitados para instruir as crianças, necessitam de alguém para ensinar-lhes as lições de Jesus Cristo. FEC 265.1
Todo professor que aceita a responsabilidade de educar as crianças e os jovens deve examinar-se a si mesmo e raciocinar criteriosamente da causa para o efeito. A verdade de Deus tomou posse de minha alma? Tem sido introduzida em meu caráter a sabedoria que provém de Jesus Cristo, a qual “é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento”? Enquanto ocupo a responsável posição de educador, acalento o princípio de que “é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz”? A verdade não deve ser guardada para ser posta em prática quando isto nos aprouver, mas em todas as ocasiões e em todos os lugares. FEC 266.1
Mentes equilibradas e caracteres simétricos requerem-se como ensinadores em todos os ramos. Não confieis esta obra às mãos de moços e moças que não sabem como tratar com as mentes humanas. Tão pouco sabem eles do poder controlador da graça sobre seu próprio coração e caráter, que precisam desaprender e aprender inteiramente novas lições da experiência cristã. Jamais aprenderam a manter sua própria alma e caráter sob a disciplina de Jesus Cristo e a levar-Lhe cativos os pensamentos. No trato com crianças e jovens deparam-se todas as espécies de caracteres. Sua mente é impressionável. Algo que se pareça com uma exibição precipitada e impulsiva por parte da professora pode eliminar sua influência para o bem sobre os estudantes a quem pretende estar educando. E contribuirá tal educação para o bem-estar eterno, presente e futuro, das crianças e dos jovens? Para seu benefício espiritual, é mister exercer sobre eles a devida influência. Devem ser dadas constantemente instruções para estimular as crianças na formação de hábitos corretos de linguagem, voz e comportamento. FEC 266.2
Muitas dessas crianças não tiveram no lar o necessário cultivo. Foram dolorosamente negligenciadas. Algumas foram deixadas a fazer o que bem entendiam; outras foram censuradas e desencorajadas. Entretanto, pouca delicadeza e boa disposição têm sido mostradas para com elas, e apenas poucas palavras de aprovação se lhes têm dito. Herdaram o caráter defeituoso dos pais, e a disciplina aplicada por esses caracteres defeituosos foi repreensível na formação do caráter. Não se tem colocado na construção do caráter material sólido. Não há obra mais importante a fazer do que a educação e o cultivo desses jovens e crianças. Os mestres que trabalham nesta parte da vinha do Senhor precisam aprender primeiro como se tornarem senhores de si, mantendo sob controle seu próprio gênio e sentimentos, em sujeição ao Santo Espírito de Deus. Devem apresentar a evidência de não possuírem uma experiência unilateral, porém, mente bem equilibrada e caráter de tal maneira simétrico que neles se possa confiar, por serem cristãos conscienciosos e estarem eles próprios debaixo da orientação do grande Professor, o qual declarou: “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.” Aprendendo então diariamente na escola de Cristo, podem educar as crianças e os jovens. FEC 267.1
Cultivando-se e dominando-se, sob a disciplina na escola de Cristo, entretendo viva ligação com o grande Mestre, terão conhecimento inteligente da religião prática; e, conservando a própria alma no amor de Deus, saberão exercer a graça da paciência e da suavidade cristã. A paciência, o amor, a longanimidade e a terna simpatia são postas em atividade. Eles discernirão que têm um importantíssimo campo a cultivar na vinha do Senhor. Devem elevar o coração a Deus em sincera oração: Sê Tu o meu modelo; e então, contemplando a Jesus, eles farão a obra de Jesus Cristo. Disse Jesus: “O Filho nada pode fazer de Si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai.” O mesmo acontece com os filhos e filhas de Deus; eles olham firme e docilmente para Jesus, não fazendo nada como é do seu agrado e segundo sua própria vontade e prazer; mas o que, nas lições de Cristo, têm visto seu Modelo fazer, isso eles também fazem. Representam assim, aos estudantes sob sua instrução, o caráter de Jesus Cristo, em todos os tempos e ocasiões. Eles captam os brilhantes raios do Sol da Justiça e refletem esses preciosos raios sobre as crianças e os jovens a quem estão educando. A formação de hábitos corretos deve deixar sua impressão sobre a mente e o caráter das crianças, para que pratiquem o que é direito. Significa muito colocar tais crianças sob a influência direta do Espírito de Deus, educando e disciplinando-as na doutrina e admoestação do Senhor. A formação de hábitos corretos e a manifestação do devido espírito requerem diligentes esforços no nome e na força de Jesus. O mestre precisa perseverar, apresentando preceito sobre preceito, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali, com toda a longanimidade e paciência, simpatia e amor, ligando essas crianças a seu coração pelo amor de Cristo revelado em sua própria pessoa. FEC 267.2
Esta verdade, no mais alto sentido, pode ser demonstrada e exemplificada diante das crianças. “Capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas. E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, assim do povo, como de si mesmo.” FEC 268.1
Os professores devem ter isso em mente e nunca perdê-lo de vista quando propendem a ficar com os ânimos acirrados contra as crianças e os jovens por causa de algum mau procedimento; lembrem-se de que os anjos de Deus os contemplam com tristeza; porque se as crianças erram e se portam mal, é tanto mais necessário que as pessoas colocadas sobre elas como professores sejam capazes de ensiná-las por preceito e exemplo. Em caso algum devem perder o domínio próprio, manifestar impaciência e aspereza, e falta de simpatia e amor; pois essas crianças são a propriedade de Jesus Cristo, e os professores têm de ser muito cuidadosos e tementes a Deus no tocante ao espírito que acariciam e às palavras que proferem, pois as crianças captarão o espírito manifestado, quer seja bom ou mau. Isto é uma pesada e sagrada responsabilidade. FEC 268.2
Requerem-se professores que sejam ponderados, que tomem em consideração suas próprias debilidades, deficiências e pecados, e que não sejam despóticos nem desanimem as crianças e os jovens. É necessário haver muita oração, muita fé, muita clemência e coragem, que o Senhor está pronto a outorgar. Pois Deus vê toda provação, e os professores podem exercer maravilhosa influência se praticarem as lições que Cristo lhes tem dado. Considerarão, porém, esses professores sua própria conduta obstinada, visto que fazem mui débeis esforços para aprender na escola de Cristo e praticar mansidão cristã e humildade de coração? Os próprios mestres devem encontrar-se em obediência a Jesus Cristo e estar sempre praticando Suas palavras, para que exemplifiquem o caráter de Jesus Cristo aos estudantes. Deixai brilhar a vossa luz em boas obras, em fiel vigilância e solicitude em favor dos cordeiros do rebanho, com paciência, com ternura e com o amor de Jesus em vosso próprio coração. FEC 269.1
Colocar nesse setor moços e moças que não desenvolveram profundo e ardente amor a Deus e às almas pelas quais Cristo morreu, é cometer um erro que redundará na perda de muitas almas preciosas. O professor precisa ser suscetível às influências do Espírito de Deus. Ninguém que se tome impaciente e irritado deve ser um educador. Os professores devem considerar que estão lidando com crianças, não com homens e mulheres. São crianças que têm tudo a aprender, e algumas têm muito mais dificuldade do que outras para fazê-lo. O aluno de mente obtusa necessita de muito mais encorajamento do que tem recebido. Se forem colocados sobre esses espíritos diferentes professores que se deleitam naturalmente em dar ordens, mandar e engrandecer-se a si mesmos em sua autoridade, que procederão com parcialidade, tendo favoritos aos quais darão preferências, enquanto outros são tratados com exatidão e severidade, produzir-se-á um estado de confusão e insubordinação. Professores que não tiveram uma experiência deleitosa e bem equilibrada podem ser escolhidos para tomar conta de crianças e jovens, mas é causado grande dano aos que são instruídos por eles. Os pais devem encarar esta questão sob um aspecto diferente. Eles devem sentir que é seu dever cooperar com o professor, incentivar sábia disciplina e orar muito por aquele que está ensinando os seus filhos. Não ajudareis as crianças irritando-as, censurando-as ou desalentando-as; tampouco desempenhareis uma boa parte ajudando-as a rebelar-se, e a ser desobedientes, indelicadas e desamáveis, devido ao espírito que desenvolveis. Se realmente sois cristãos, Cristo estará habitando em vós e tereis o espírito dAquele que deu a vida pelos pecadores; e a sabedoria de Deus ensinar-vos-á em toda emergência qual o procedimento a ser adotado. FEC 269.2
As crianças têm necessidade de que sejam exercidos sobre elas e praticados à sua frente constantes, firmes e vivos princípios de justiça. Assegurai-vos de deixar brilhar a verdadeira luz diante de vossos alunos. Há falta da luz do Céu. Nunca permitais que o mundo tenha a impressão de que vosso espírito, gostos e aspirações não são de natureza mais elevada e pura do que os das pessoas mundanas. Se nas vossas ações causais esta impressão sobre eles, fazeis com que uma luz falsa e enganosa os conduza à ruína. A trombeta tem que dar o sonido certo. Foi traçada pelo Deus eterno ampla, clara e profunda linha demarcatória entre os justos e os injustos, entre os piedosos e os perversos, entre os que são obedientes aos mandamentos de Deus e os que são desobedientes. FEC 270.1
A escada que Jacó contemplou na visão noturna — cuja base assenta na Terra e o degrau mais elevado atinge os mais altos Céus; estando o próprio Deus acima da escada e incidindo Sua glória sobre cada degrau; anjos subindo e descendo sobre essa escada de fulgurante esplendor — é um símbolo da constante comunicação mantida entre este mundo e os lugares celestiais. Deus executa Sua vontade por intermédio de anjos celestes em contínua comunicação com a humanidade. Essa escada revela um direto e importante meio de comunicação com os habitantes da Terra. Ela representou para Jacó o Redentor do mundo que une a Terra com o Céu. Todo aquele que tem visto a evidência e a luz da verdade e que aceita a verdade, professando sua fé em Jesus Cristo, é um missionário no mais alto sentido da palavra. É o recebedor de tesouros celestiais, e é seu dever transmiti-los, difundindo o que recebeu. FEC 270.2
Então, aos que são aceitos como professores em nossas escolas, está aberto um campo para ser trabalhado e cultivado para a semeadura da semente e a colheita do grão amadurecido. Que pode proporcionar maior satisfação do que ser cooperador de Deus na educação e preparo das crianças e jovens para amarem a Deus e guardarem os Seus mandamentos? Guiai a Jesus as crianças que estais instruindo na escola da igreja e na Escola Sabatina. Que vos pode dar maior gozo do que ver crianças e jovens seguindo a Cristo, o grande Pastor, o qual chama e as ovelhas e os cordeiros ouvem-Lhe a voz e O seguem? Que pode espargir mais luz na alma do obreiro devotado e interessado do que saber que seu perseverante e paciente esforço não foi vão no Senhor, e ver seus alunos com o brilho do Sol na alma porque Cristo lhes perdoou os pecados? Que pode dar mais satisfação ao coobreiro de Deus, do que ver crianças e jovens recebendo as impressões do Espírito de Deus em verdadeira nobreza de caráter e na restauração da imagem moral de Deus — crianças buscando a paz que vem do Príncipe da paz? É a verdade uma servidão? Sim, em certo sentido: ela prende as almas voluntárias em sujeição a Jesus Cristo, submetendo seu coração à bondade de Jesus Cristo. Oh! apresentar em cada esforço missionário a Jesus Cristo, e Este crucificado, significa muito mais do que as mentes finitas podem compreender. “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados.” “Àquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus.” Esta deve ser a preocupação de nossa obra. Se alguém se julga capaz de ensinar na Escola Sabatina, ou na escola primária, a ciência da educação, necessita primeiro aprender o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria, para que possa ensinar esta ciência, a mais alta de todas. FEC 271.1
“E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” “Eu lhes tenho transmitido as palavras que Me deste e eles as receberam e verdadeiramente conheceram que saí de Ti, e creram que Tu Me enviaste.” Aqui é apresentada diante de nós a obra de ser representantes de Cristo, assim como Ele foi o representante do Pai em nosso mundo. Devemos ensinar as palavras que nos são dadas nas lições de Cristo. “Eu lhes tenho transmitido as palavras que Me deste.” Temos a nossa obra, e todo instrutor dos jovens em qualquer aspecto deve receber num coração bom e honesto o que Deus expôs e registrou em Sua Santa Palavra nas lições de Cristo, aceitando humildemente as palavras da vida. Achamo-nos no dia antitípico de expiação, e não somente devemos humilhar o coração diante de Deus e confessar os nossos pecados, mas também, por meio de todo o nosso talento educacional, procurar instruir aqueles com quem entramos em contato e levá-los por preceito e exemplo a conhecer a Deus e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou. FEC 272.1
Oh! quanto almejo que o Senhor do Céu abrisse muitos olhos que agora se acham cegados, para que vissem a si mesmos como Deus os vê, e para dar-lhes uma compreensão da obra a ser realizada nos campos de labuta. Não tenho, porém, esperança de que todos os apelos que faço produzam resultado, a não ser que o Senhor fale à alma e escreva Seus requisitos nas tábuas do coração. Não pode todo instrumento humano que ora vive ter uma elevada compreensão do que significa o fato de estar designado para ele um vasto e importante campo de atividade missionária, sem a necessidade de ir a regiões longínquas? E, embora alguns tenham de proclamar a mensagem de misericórdia aos que se encontram em lugares remotos, muitos outros devem proclamar a mensagem aos que estão perto deles. Nossas escolas devem ser estabelecimentos educativos que habilitem os jovens a tornarem-se missionários tanto por preceito como pelo exemplo. Tenham sempre em mente os que desempenham o papel de professores, que essas crianças e jovens constituem a aquisição do sangue do Filho de Deus. Precisam ser levados a crer em Cristo como seu Salvador pessoal. O nome de cada crente está gravado nas palmas de Suas mãos. O Supremo Pastor está olhando do santuário celestial para as ovelhas de Seu pasto. “Ele chama pelos nomes as Suas próprias ovelhas e as conduz para fora.” “Se alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.” Oh! que preciosa e bendita verdade! Ele não trata nenhum caso com indiferença. FEC 272.2
Sua impressionante parábola do bom pastor representa a responsabilidade de todo ministro e de todo cristão que aceitou a posição de professor de crianças e jovens, e professor de velhos e moços, em abrir as Escrituras para eles. Se alguém se afasta do aprisco, não é buscado com palavras ásperas e com um chicote, mas com atrativos convites para voltar. As noventa e nove ovelhas que não se desgarraram não despertam o compassivo interesse e o terno e piedoso amor do pastor. Mas ele busca as ovelhas e os cordeiros que mais ansiedade lhe causaram, e absorveram mais profundamente sua compaixão. O desinteressado e fiel pastor deixa o resto das ovelhas, concentrando todo o seu coração e alma e todas as suas energias em encontrar a perdida. Em seguida, o quadro — graças a Deus! — o pastor regressa com a ovelha nos braços, regozijando-se a cada passo. “Alegrai-vos comigo — diz ele - porque já achei a minha ovelha perdida.” Sinto-me tão grata de que, na parábola, tenha sido encontrada a ovelha. E esta é justamente a lição que o pastor tem a aprender — êxito no trazer de volta as ovelhas e os cordeiros. FEC 273.1
Não nos é apresentada à imaginação a cena de um contristado pastor voltando sem a ovelha. E o Senhor Jesus declara que o prazer e a alegria do pastor por encontrar a ovelha causam prazer e regozijo entre os anjos no Céu. A sabedoria de Deus, Seu poder e amor, são sem paralelo. São eles a divina garantia de que ninguém, mesmo das extraviadas ovelhas e cordeiros, é passado por alto, nem abandonado sem socorro. Uma cadeia de ouro — a misericórdia e a compaixão do poder divino — é passada em torno dessas almas periclitantes. Não haverá então o instrumento humano de cooperar com Deus? Deverá ele mesmo ser pecaminoso, deficiente e falto de caráter, indiferente à alma prestes a perecer? Cristo ligou-o a Seu trono eterno pelo sacrifício de Sua própria vida. FEC 274.1
A descrição que Zacarias faz de Josué, o sumo sacerdote, é uma impressionante representação do pecador pelo qual Cristo está intercedendo para que seja levado ao arrependimento. Satanás acha-se em pé à mão direita do Advogado, resistindo à obra de Cristo e pleiteando contra Ele que o homem é sua propriedade, visto que o escolheu como seu dominador. Mas o Defensor do homem, o Restaurador, o mais poderoso dos poderosos, ouve os reclamos e as alegações de Satanás, e lhe responde: “O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreende: não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, vestido de vestidos sujos, estava diante do anjo. Então falando, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estes vestidos sujos. E a ele lhe disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de vestidos novos. E disse eu: Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E puseram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e o vestiram de vestidos; e o anjo do Senhor estava ali”. (Versão de Almeida, não revisada.) FEC 274.2
Todo professor que assume a responsabilidade de lidar com espíritos humanos tenha em mente que toda alma que propende a errar e é tentada com facilidade constitui o especial objeto da solicitude de Cristo, seu advogado. Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes. O compassivo Intercessor está pleiteando, e irão pecaminosos e finitos homens e mulheres repelir uma alma que seja? FEC 275.1
Deverá qualquer homem ou mulher ser indiferente para com as próprias almas pelas quais Cristo está pleiteando nas cortes celestiais? Em vosso modo de ação, deveis imitar os fariseus, que eram impiedosos, e Satanás, que acusa e destrói? Oh! humilhareis individualmente a própria alma diante de Deus, permitindo que sejam subjugados e quebrantados esses nervos inflexíveis e essa férrea vontade? FEC 275.2
Afastai-vos da voz de Satanás e de fazer sua vontade, e colocai-vos ao lado de Jesus, apoderando-vos de Seus atributos, o Possuidor de vivas e ternas sensibilidades, o qual pode tornar Sua própria a causa dos aflitos e sofredores. Aquele a quem muito se perdoou, muito amará. Jesus é um compassivo Intercessor, misericordioso e fiel sumo sacerdote. Ele, a Majestade do Céu — o Rei da glória — pode contemplar o homem finito, sujeito às tentações de Satanás, sabendo que Ele sentiu o poder dos ardis de Satanás. “Por isso mesmo convinha que, em todas as coisas, Se tornasse semelhante aos irmãos [revestindo Sua divindade com a humanidade], para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.” FEC 275.3
Insto, portanto, convosco, meus irmãos, a que experimenteis labutar segundo as normas em que Cristo labutou. Jamais deveis vestir o manto da severidade e condenar e denunciar, afugentando do aprisco pobres e tentados mortais; mas, como cooperadores de Deus, curai os que se acham espiritualmente enfermos. Fareis isto se tiverdes a mente de Cristo. “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas, antes foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.” “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem Se cansa nem Se fatiga? Não se pode esquadrinhar o Seu entendimento.” — Christian Education, 1893. FEC 275.4