Fundamentos da Educação Cristã

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Estudantes decidindo o seu destino eterno

Lembrem-se os estudantes de que formar caráter que resista à prova do juízo é algo muito sério. Vós mesmos sois responsáveis pela espécie de caráter que edificais. Nenhum professor pode formar vosso caráter. Vós mesmos decidis o vosso próprio destino eterno. É necessário contemplar tais caracteres que sejam dignos de imitação. Referimo-nos a José no Egito e a Daniel em Babilônia. Estes jovens foram experimentados e provados; e visto que se mantiveram firmes aos princípios, tornaram-se homens representativos e modelos de integridade. Quisera dizer aos jovens de nossas instituições de ensino, quer professem crer ou não: Estais agora no tempo da graça, e não advirá a nenhum de vós um segundo tempo de graça. Esta é a única oportunidade que tereis para resistir ao exame e à prova de Deus. FEC 245.1

Com o mais profundo interesse os anjos de Deus nas cortes celestiais observam o desenvolvimento do caráter; e de acordo com os registros nos livros do Céu, são pesadas as ações e é avaliado o valor moral. Cada dia o relato de vossa vida passa em revista diante de Deus assim como é, quer seja meritório ou desabonador. Sois faltosos na verdadeira elevação e nobreza de alma, e ninguém pode conceder-vos o caráter de que necessitais. A única maneira pela qual podeis atingir a norma de valor moral pela qual sereis medidos é confiar em Cristo e cooperar com Ele com firme, diligente e inabalável resolução. FEC 245.2

Os que fazem isto não introduzirão em seu trabalho um espírito de leviandade, de frivolidade e de amor às diversões. Considerarão que não foi com pequeno custo para seus pais ou para si mesmos que vieram ao colégio para obter melhor conhecimento das ciências e para adquirir mais ampla compreensão tanto do Antigo como do Novo Testamento. Quisera dirigir-me a vós como a pessoas que raciocinam e que possuem inteligente compreensão de seus privilégios e deveres. Não seria melhor cooperardes com os vossos professores, a fim de que possais atingir a mais alta norma que vos seja possível alcançar? O tempo é mais valioso para vós do que o ouro, e deveis aproveitar todo precioso momento. Deveis considerar qual será vossa influência sobre os outros. Se um aluno é descuidado e nutre excessivo amor às diversões, deve pôr-se sob o controle do princípio, para que não se torne um ativo agente de Satanás, opondo-se, por sua má influência, à obra que os professores procuram realizar e prejudicando o que os seres celestiais procuram efetuar por meio dos instrumentos humanos. Ele pode frustrar o desígnio de Deus e deixar de aceitar a Cristo e de tornar-se realmente um filho de Deus. FEC 245.3

As obrigações entre professores e alunos são recíprocas. Os professores devem fazer diligente esforço para que sua própria alma seja santificada mediante a graça de Cristo e para que labutem segundo as normas de Cristo pela salvação de seus alunos. Por outro lado, os alunos não devem adotar um procedimento que se torne penoso e probante para seus professores e que traga sobre eles tentações difíceis de resistir. Os alunos não devem, por um errôneo procedimento, baixar a elevada posição e reputação da escola, dando motivo a que se alastre, entre os crentes e os descrentes, a notícia de que as escolas adventistas do sétimo dia, embora pretendam ser estabelecidas para proporcionar a melhor educação aos que as freqüentam, não são superiores às escolas comuns no mundo inteiro. Este não é o caráter nem a reputação que Deus quer que se atribua a nossas escolas; e os que usaram a influência que Deus lhes confiou, para dar tal caráter ou reputação à escola, usaram-na em sentido errôneo. Os que têm desrespeitado os regulamentos e procurado abater a autoridade, quer sejam crentes ou descrentes, acham-se registrados nos livros do Céu como não podendo ser tidos na conta de membros da família real, filhos do celeste Rei. Os professores que assumem o fardo da obra que lhes compete levar, já terão suficientes responsabilidades, cuidados e encargos, sem o peso adicional de vossa desobediência. Apreciarão todo esforço feito pelos alunos para cooperar com eles na obra. FEC 246.1

O estudante desleixado e insubordinado, que não cultiva o respeito próprio, que não se acha bem disposto e que não procura fazer o melhor que está ao seu alcance, causa a si mesmo grande mal. Está decidindo qual será o estado de seu caráter e induzindo outros a afastar-se da verdade e retidão, os quais, se não fosse tal influência perniciosa, ousariam ser leais e nobres. O estudante que sente a responsabilidade de ser fiel em ajudar a seus mestres, estará ajudando mais a si mesmo do que aos outros. O Céu olha com aprovação para os estudantes que se esforçam por fazer o que é correto e que têm o firme propósito de ser leais a Deus. Eles receberão auxílio de Deus. Lemos a respeito de Daniel e seus companheiros que permaneceram firmes à verdade como uma rocha: “Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria. ... Em toda matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.” FEC 247.1

Se não tencionais aproveitar vossas oportunidades e privilégios, por que gastais, em freqüentar a escola, o dinheiro cuja obtenção custou muito trabalho a vossos pais? Eles vos enviaram para fora do teto paterno com elevadas esperanças de que seríeis educados e favorecidos por vossa permanência no colégio. Eles vos têm acompanhado com cartas e orações, e toda linha que lhes escrevestes foi lida com ansiedade. Eles têm agradecido a Deus por toda indicação de que desejais tornar a vossa vida cristã um sucesso, e têm chorado de alegria diante dos indícios de vosso progresso no conhecimento científico e espiritual. Oh! desejo implorar-vos que não façais nada que seja duvidoso. Ponderai sobre o aspecto em que vossos pais considerariam as vossas ações, e evitai fazer qualquer coisa que lhes cause aborrecimento. Não sejais irrefletidos, descuidosos e indisciplinados. Vossas ações não findam com vossa própria pessoa; elas trazem honra ou desonra para a escola, segundo forem boas ou más. Se praticais o mal, ofendeis a Jesus Cristo, que vos adquiriu com o preço de Seu próprio sangue, magoais a alma de vosso diretor, feris o coração de vossos professores e prejudicais e danificais vossa própria alma. Causais uma mancha em vosso registro de que ficareis envergonhados. Valerá a pena? É sempre melhor e mais seguro fazer o que é direito porque é direito. Não quereis fazer agora algumas sérias reflexões? O pensar corretamente jaz à base do correto proceder. Assentai em vosso espírito que haveis de corresponder às expectativas de vossos pais a vosso respeito, que haveis de fazer fiéis esforços para vos distinguir, que cuidareis em que o dinheiro gasto convosco não tenha sido mal aplicado e desperdiçado. Formai decidido propósito de cooperar com os esforços feitos pelos pais e os mestres, alcançando uma elevada norma de conhecimentos e de caráter. Determinai-vos a não decepcionar os que vos amam o suficiente para confiar em vós. É varonil proceder retamente, e Jesus vos ajudará a fazê-lo, se o buscardes fazer porque é direito. FEC 247.2

Os que se interessam em vosso bem-estar têm lisonjeiras esperanças a vosso respeito, de que vos tornareis pessoas úteis, repletas de valor moral e inabalável integridade. Muito se tem arriscado pelos jovens que partiram da Nova Zelândia para a América; e desejo dizer a estes estudantes: Proponde-vos um alvo bem elevado, e ascendei então passo a passo até atingir a norma, mesmo que seja por penoso esforço, abnegação e sacrifício pessoal. Cristo será para vós um auxílio presente em todo tempo de necessidade, se O invocardes, para que sejais como Daniel, ao qual nenhuma tentação podia corromper. Não decepcioneis a vossos pais e a vossos amigos; acima de tudo, porém, não decepcioneis Aquele que vos amou de tal maneira que deu Sua própria vida para cancelar os vossos pecados e tornar-Se o vosso Salvador pessoal. Disse Jesus: “Sem Mim nada podeis fazer.” Conservai isto na memória. Se cometestes erros, podeis alcançar a vitória discernindo tais erros e considerando-os como sinais de advertência para habilitar-vos a evitar sua repetição. É escusado dizer-vos que isso transformará vossa derrota em vitória, desapontando o inimigo e honrando vosso Redentor, a quem pertenceis. FEC 248.1

Em realidade, deploramos que alguma fraqueza de caráter tenha maculado o registro do passado, porque sabemos que isso constitui uma evidência de que não vigiastes em oração. Lamentamos que tenha havido erros, pois eles têm colocado sobre os professores certos fardos que eles não deveriam ter levado. Os professores têm de lutar contra suas próprias debilidades naturais de caráter, e são suscetíveis de agir insensatamente sob a pressão da tentação. Podem imaginar que estão procedendo de modo correto ao impor rigorosa disciplina, podendo no entanto equivocar-se no caso com que estão lidando. Quão melhor seria, tanto para os alunos como para os professores, se os estudantes zelassem de sua própria honra e agissem por motivos puros e nobres, de tal maneira que seu próprio procedimento os recomendasse a seus mestres e educadores! Se em todo aspecto possível e sob todas as circunstâncias eles tratassem os que ocupam posições de confiança e assumem responsabilidades, como eles mesmos gostariam de ser tratados, quanta paz e êxito acompanhariam a escola! FEC 249.1

Por que deveriam os estudantes unir-se com o grande apóstata para tornarem-se seus agentes em tentar a outros e, por meio destes, causar a ruína de muitos? Todo ser humano tem suas tribulações individuais, peculiares a si próprio, e ninguém está isento de tentações. Se os professores são discípulos de Cristo e se empenham na obra de modo aprovado por Deus, Satanás certamente os assaltará com suas tentações. Caso o grande enganador consiga instigar maus elementos de caráter nos estudantes e, por intermédio deles, causar perplexidade e desalento nos educadores, foi bem-sucedido na realização de seu propósito. Se sob a tentação o professor revela debilidade em qualquer sentido, é prejudicada a sua influência; mas aquele que demonstra ser um agente do grande adversário das almas, terá de prestar contas a Deus pela parte que desempenhou fazendo com que o professor tropeçasse. Considerem os estudantes cuidadosamente este aspecto do assunto e aprendam como animar e amparar seus professores, e não como causar-lhes desalento e tentações. Procedendo deste modo, não estarão semeando joio que brote entre o trigo. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.” Gálatas 6:7-10. FEC 249.2

Os estudantes serão tentados a fazer coisas desordenadas com a única finalidade de agradar a si mesmos e ter o que eles chamam “divertimento”. Se eles zelarem de sua honra e considerarem o fato de que fazendo tais coisas não favorecem ou beneficiam a quem quer que seja, mas envolvem a outros bem como a si mesmos em dificuldade, serão mais propensos a adotar uma conduta varonil e honrosa e a colocar sua vontade ao lado da vontade de Cristo. Labutarão de acordo com as normas de Cristo, ajudando os professores a levarem seus fardos, que Satanás gostaria de tornar mais deprimentes fazendo com que espíritos irrefletidos se ocupem com vãos artifícios. Procurarão criar na escola uma atmosfera que, em vez de ser deprimente e debilitante para as faculdades morais, tornar-se-á salutar e estimulante. Procedendo assim, os estudantes podem ter a convicção de que desempenharam sua parte ao lado de Cristo nessa questão e que não concederam a menor influência ou capacidade ao grande adversário de tudo o que é bom. Com quanto maior satisfação poderão os estudantes lembrar-se de tal maneira de agir, do que daquela na qual sancionaram planos secretos de desrespeito e desconsideração à autoridade! Terão motivo para louvar a Deus por haverem resistido aos clamores da inclinação e por haverem colocado sua influência ao lado da ordem, da diligência e da obediência. Lembre-se todo estudante de que lhe compete ajudar, não impedir, a causa da educação. FEC 250.1

Os estudantes em nossas instituições de ensino podem formar um caráter segundo a semelhança divina, ou degradar as faculdades que lhes foram dadas por Deus, reduzindo-se a um nível inferior, e não poderão culpar a ninguém mais senão a si próprios por se haverem degradado. Foi feito em favor do homem tudo quanto Deus podia fazer. Antecipou-se toda necessidade; tomaram-se providências para toda dificuldade e emergência. Tem sido retificado o que é tortuoso, aplanados os lugares escabrosos, e portanto ninguém será desculpado no dia do juízo por haver acalentado a descrença e resistido às operações do Espírito Santo. FEC 251.1

Jesus Cristo Se entregou a Si mesmo como sacrifício completo em favor de todos os decaídos filhos e filhas de Adão. Oh! que humilhação foi suportada por Ele! Como desceu, passo a passo, cada vez mais baixo na senda da humilhação! No entanto, jamais degradou a alma com uma única sórdida mancha do pecado! Sofreu tudo isto para que pudesse erguer, purificar, refinar e enobrecer a cada um de vós, e colocar-vos sobre Seu trono como co-herdeiros dEle mesmo. Como confirmareis a vossa vocação e eleição? Qual é o caminho da salvação? Cristo declara: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.” Por mais pecaminosos e culpados que sejais, sois chamados, sois escolhidos. “Chegai-vos a Deus e Ele Se chegará a vós outros.” Ninguém será compelido a ir a Jesus Cristo contra a sua vontade. A Majestade do Céu, o Filho unigênito do Deus vivo e verdadeiro abriu o caminho para irdes a Ele, dando Sua vida como sacrifício na cruz do Calvário. Mas, embora tenha sofrido tudo isto por vós, é demasiado puro, é demasiado justo para contemplar a iniquidade. No entanto, até mesmo isto não deve afastar-vos dEle; pois declara: “Não vim chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento.” Aproximem-se dEle as almas que perecem, assim como estão, sem qualquer pretexto, mas implorando o sangue expiatório de Cristo, e serão aceitos por Deus, o qual habita na glória entre os querubins, acima do propiciatório. O sangue de Jesus é um passaporte que nunca falha, por cujo intermédio todas as vossas petições podem ter acesso ao trono de Deus. — Christian Education (Suplemento), 1893. FEC 251.2