Evangelismo

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A experiência de Ellen G. White e seus métodos como obreira no trabalho pessoal

Uma experiência primitiva — A realidade da verdadeira conversão me parecia tão positiva, que me sentia na disposição de ajudar minhas jovens amigas a virem para a luz, e em toda oportunidade exercia minha influência nessa direção. Ev 447.3

Combinei reuniões com minhas jovens amigas, algumas das quais eram bem mais velhas do que eu, e algumas eram pessoas casadas. Várias delas eram vãs e irrefletidas; minha experiência afigurava-se-lhes um conto ocioso, e não davam ouvidos às minhas súplicas. Decidi, porém, que meus esforços não cessariam enquanto essas queridas almas, por quem sentia tão grande interesse, não se entregassem a Deus. Várias noites inteiras foram passadas por mim em fervorosa oração por aquelas a quem eu havia buscado e reunido no intuito de trabalhar e orar por elas. Ev 447.4

Algumas dessas pessoas se haviam reunido conosco por curiosidade, para ouvir o que eu tinha a dizer; outras me julgavam fora de mim para ser tão perseverante em meus esforços, especialmente quando elas não manifestavam nenhum interesse. Mas em cada uma de nossas reuniõezinhas eu continuava a exortar e orar por cada uma delas separadamente, até que cada uma dessas pessoas se houvesse entregue a Jesus, reconhecendo os méritos de Seu amor perdoador. Cada uma delas se converteu a Deus. Ev 447.5

Noite após noite, em meus sonhos, eu parecia estar trabalhando pela salvação de almas. Em tais ocasiões eram-me mostrados casos especiais; estes eu buscava posteriormente, e orava com as pessoas. Em todos os casos, com exceção de um, essas pessoas se renderam ao Senhor. — Life Sketches of Ellen G. White, 41, 42 (1915). Ev 448.1

Vinte e dois anos depois de a semente ter sido lançada — Depois de concluída a reunião [um culto na reunião campal de Michigan], uma irmã me tomou cordialmente pela mão, manifestando grande alegria por haver encontrado novamente a irmã White. Indagou se eu não me lembrava de haver feito uma visita em uma casa de toras de madeira, na floresta, vinte e dois anos antes. Ela nos oferecera lanche, e eu havia deixado com eles um livrinho intitulado Experience and Views. Ev 448.2

Ela declarou haver emprestado aquele livro aos vizinhos, ao se estabelecerem novas famílias ao seu redor, até que o mesmo já se achava todo gasto; manifestou grande desejo de obter outro exemplar do livrinho. Os vizinhos se interessavam profundamente nele, e desejavam ver a autora. Ela disse que quando eu a visitara, falara de Jesus e das belezas do Céu, e que as palavras haviam sido proferidas com tanto fervor, que ela ficara encantada, e nunca as esquecera. Depois daquela ocasião, o Senhor mandara ministros para lhes pregarem a verdade, e agora havia um bom grupo de observadores do sábado. A influência daquele livrinho, agora gasto pelo muito manuseio, estendera-se de um para outro, efetuando sua obra silenciosa, até que o solo estava preparado para as sementes da verdade. Ev 448.3

Lembro-me bem da longa viagem que fizemos vinte e dois anos atrás, em Michigan. Estávamos a caminho para realizar uma reunião em Vergennes. Achávamo-nos a uns vinte e quatro quilômetros de nosso destino. Nosso condutor havia passado por aquele caminho repetidamente, e estava bem familiarizado com ele, mas foi forçado a reconhecer que se perdera. Viajamos sessenta e quatro quilômetros naquele dia, através da floresta, por cima de toras e árvores derribadas, onde mal havia qualquer vestígio de caminho. ... Ev 449.1

Não podíamos compreender por que era permitido que assim andássemos errando pela mata. Nunca nos sentimos mais satisfeitos do que ao avistar uma pequena clareira onde havia uma casinha de madeira, na qual encontramos a mencionada irmã. Ela nos acolheu bondosamente em seu lar, e ofereceu-nos alimentação que foi recebida com gratidão. Enquanto descansávamos, falei com a família, e deixei-lhes o livrinho. Ela o aceitou de boa vontade, havendo-o conservado até o presente. Ev 449.2

Durante vinte e dois anos nosso vaguear nessa jornada nos havia parecido deveras misterioso, mas ali encontramos um bom grupo, agora crentes na verdade, e cuja experiência tinha origem na influência daquele livrinho. A irmã que ministrara tão bondosamente às nossas necessidades regozija-se agora, com muitos de seus vizinhos, na luz da verdade presente. — The Signs of the Times, 19 de Outubro de 1876. Ev 449.3

Uma experiência em Nimes, França — Quando trabalhava em Nimes, na França, fizemos do salvar almas nosso trabalho. Havia um rapaz que se desanimara devido às tentações de Satanás e de alguns erros de irmãos nossos que não compreendiam a maneira de lidar com a mente dos jovens. Ele abandonou o sábado e empregou-se em um estabelecimento fabril a fim de aperfeiçoar seu ofício de relojoeiro. É um rapaz muito promissor. Meu relógio necessitava de conserto, o que nos pôs em contato. Ev 449.4

Fui-lhe apresentada e, assim que olhei para sua fisionomia, reconheci ser ele aquele que o Senhor me apresentara anteriormente em visão. Todas as circunstâncias me ocorreram distintamente. ... Ev 450.1

Ele assistia às reuniões quando julgava que eu ia falar, e sentava-se com os olhos fixos em mim durante todo o sermão, o qual era traduzido em francês pelo irmão Bourdeau. Senti ser meu dever trabalhar por esse jovem. Falei duas horas com ele, e insisti no perigo de sua situação. Disse que, por haverem seus irmãos cometido um erro, isto não era razão para que ele magoasse o coração de Cristo, que o amara a ponto de morrer para o redimir. ... Ev 450.2

Disse-lhe que conhecia a história de sua vida e seus erros (os simples erros da imprudência juvenil), que não eram de espécie a serem tratados com tão grande severidade. Roguei-lhe então com lágrimas para fazer uma inteira volta, deixar o serviço de Satanás e o pecado, pois se tornara um apóstata, e voltar como o filho pródigo à casa de Seu Pai, ao paternal serviço. Ele estava em bom negócio, aprendendo seu ofício. Se guardasse o sábado, perderia a colocação. ... Mais alguns meses e terminaria seu aprendizado, tendo então um bom ofício. Eu, porém, insisti numa decisão imediata. Ev 450.3

Oramos muito fervorosamente com ele, e eu lhe disse que não ousava deixá-lo cruzar o limiar da porta enquanto ele não dissesse diante de Deus e dos anjos e dos presentes: “Deste dia em diante, serei um cristão.” Que regozijo para meu coração quando ele o disse! Ele não dormiu nada naquela noite. Disse que, assim que fizera a promessa, parecia achar-se em nova direção. Seus pensamentos pareciam purificados, mudados seus desígnios, e a responsabilidade que assumira lhe parecia tão solene, que não podia dormir. No dia seguinte comunicou a seu patrão que não poderia mais trabalhar para ele. Dormiu muito pouco por três noites. Sentia-se feliz, muito grato por haver-lhe o Senhor demonstrado Seu perdão e amor! — Carta 59, 1886. Ev 450.4

Um emprego eficaz de literatura — Havia um homem a quem, juntamente com toda a sua família, tínhamos em alto apreço. É um homem de leitura e possui grande fazenda, na qual cultiva as melhores laranjas e limões, juntamente com outros frutos. Mas a princípio ele não se decidiu plenamente em favor da verdade, e tornou atrás. Falaram-me a esse respeito. Durante a noite, o anjo do Senhor parecia estar ao meu lado, dizendo: “Vai ao irmão _____, põe teus livros diante dele, e isto salvará sua alma.” Fui visitá-lo, levando comigo alguns de meus livros grandes. Falei-lhe como se ele estivesse conosco. Falei-lhe de suas responsabilidades. Disse-lhe: “Tendes grandes responsabilidades, meu irmão. Aqui estão vossos vizinhos ao redor. Sois responsável por cada um deles. Conheceis a verdade, e, se a amardes e permanecerdes em vossa integridade, ganhareis almas para Cristo.” Ev 451.1

Ele me olhava de modo estranho, como a dizer: “Creio que a senhora não sabe que eu abandonei a verdade, que tenho permitido minhas filhas dançarem e irem à escola dominical, que não guardamos o sábado.” Porém eu sabia. Todavia falei-lhe justamente como se ele estivesse conosco. “Ora”, disse eu, “vamos ajudar-vos a começar a trabalhar por vossos vizinhos. Quero fazer-vos presente de alguns livros.” Ele disse: “Temos uma biblioteca da qual tiramos livros.” Eu disse: “Não vejo nenhum livro aqui. Talvez vos sintais constrangido de tirar da biblioteca. Vim para dar-vos estes livros, de modo que vossos filhos os possam ler, e isto vos será uma força.” Ajoelhei-me e orei com ele, e quando nos erguemos, as lágrimas lhe rolavam pelas faces, ao dizer: “Folgo de que a senhora tenha vindo ver-me. Agradeço-lhe os livros.” Ev 451.2

A próxima vez que o visitei, disse-me que lera Patriarcas e Profetas. Acrescentou: “Não há uma sílaba que eu possa mudar. Cada parágrafo fala diretamente à alma.” Ev 452.1

Perguntei ao irmão _____ qual dos meus livros grandes ele considerava mais importante. Ele disse: “Emprestei-os todos aos vizinhos, e o dono do hotel acha que O Grande Conflito é o melhor. Mas”, disse ele, enquanto lhe tremiam os lábios, “penso que Patriarcas e Profetas é o melhor. Foi o que me tirou do lodo.” Ev 452.2

Mas basta dizer: ele se decidiu firmemente pela verdade. Toda a sua família se lhe uniu, e têm sido instrumentos no salvar outras famílias. — The General Conference Bulletin, 5 de Abril de 1901. Ev 452.3

Palestrando com uma nova crente acerca da obra — Foi-me apresentada uma senhora de cerca de seus quarenta anos, a qual acabava de decidir obedecer à verdade, em Cantuária. O marido tem plena simpatia para com a atitude da esposa, e faz o que pode a fim de levá-la às reuniões. Possuem uma bela casinha de campo, já paga. Ela saiu da carruagem, e conversou conosco. Disse que o povo de Cantuária não é dado a ir à igreja, mas que a tenda em _____ tem sido uma propaganda, e eles estão curiosos de saber o que tudo isto significa. Desse modo têm sido atraídos a assistir às reuniões, e muitos estão interessados. Não os podeis levar a entrar em uma igreja ou salão, mas a tenda, eles acolhem bem. ... Ev 452.4

A referida irmã, que falava comigo junto à carruagem, disse: “Estas preciosas coisas da Bíblia são maravilhosas para mim. É estranho que não as pudéssemos ver antes. A Bíblia está cheia de riquezas, e quero ter toda oportunidade de ouvir e aproveitar, de modo que possa ajudar a outros. O povo daqui de Cantuária está necessitado de um trabalho assim. Se armardes a tenda, eles irão.” — Carta 89a, 1895. Ev 453.1

Folhas do diário de 1892 — 26 de Outubro. Havíamos prometido visitar os irmãos H, e depois do jantar, hoje, o Pastor Daniells, May Walling e eu fomos cumprir a promessa. Pelas tentações do inimigo, a irmã H abandonou a verdade. ... Após breve conversa, inclinamo-nos todos em oração, e o Senhor comunicou-nos Seu Santo Espírito. Sentimos a presença de Deus, e esperamos grandemente que esse esforço não será em vão. Ev 453.2

5 de Novembro. Foi um dia agradável, mas fiquei quase exausta. Assistimos a reunião, e convidamos nossa vizinha ao lado para ir conosco. Ela concordou prontamente e parecia muito comovida. Falava desembaraçadamente enquanto nos dirigíamos para o local da reunião, mas na vinda ela parecia muito solene, e não disse nada. Falei da parábola do homem que não tinha vestido de boda, e tivemos uma solene reunião. Posteriormente a senhora disse a minha sobrinha, May Walling, sentir não haver assistido a todas as reuniões que se têm realizado desde que chegamos. Declarou que não quer perder nenhuma enquanto aqui permanecermos. Ev 453.3

6 de Novembro. Havíamos planejado ir de carruagem às montanhas, ... porém eu me sentia opressa de alma pelo irmão e a irmã H, e julguei não poder ir às montanhas e retardar o negócio do Senhor. Tendo apenas vagas informações, May Walling e eu partimos em busca da casa do irmão H. ... Conseguimos afinal. Eu disse ao irmão e à irmã H que fora a fim de falar com eles. Começamos a falar às duas e meia, e continuamos até às cinco. ... Procurei fazer tudo ao meu alcance para ajudar a irmã H. Ela chorou quase todo o tempo em que falamos. Creio que o Espírito do Senhor lhe tocou o coração. Orei com eles, e deixei-os depois nas mãos de Deus. Ev 453.4

7 de Novembro. Descansei bem durante a noite. Às quatro e meia ergui-me e pus-me a escrever. Às dez horas, May Walling e eu cavalgamos para visitar a irmã E. Ev 454.1

8 de Novembro. Dormi bem a noite. Durante o dia fui para a casa onde a irmã F está hospedada com os filhos. Levamo-los a passear conosco, e tivemos longa conversa com ela. É uma mulher que tem passado por grande tribulação. Ev 454.2

9 de Novembro. Atendendo a sincero convite, fomos a um aprazível bosque, onde os pais e as crianças da Escola Sabatina estavam fazendo um piquenique. ... Falei por cerca de meia hora. Achava-se presente uma porção de descrentes. Ev 454.3

10 de Novembro. Escrevi até meio-dia, e depois do almoço, nos dirigimos para Bourdon, a fim de cumprir a promessa de nos encontrarmos com algumas irmãs. Tivemos muito precioso período de oração, crendo na promessa de Cristo, de que, onde estiverem dois ou três reunidos em Seu nome, aí estará Ele para abençoá-los. Li importante assunto aos presentes, e falei com eles. Trabalhei mais arduamente do que quando falo no sábado; pois estive com eles por cerca de duas horas. Era quase escuro quando chegamos em casa; mas fui abençoada pelo Senhor, e sentimo-nos felizes em Seu amor. Ev 454.4

11 de Novembro. Receio ter estado a fazer demasiado. De sábado para cá, escrevi oitenta e seis páginas, de papel de carta, além de fazer várias visitas ao povo em seus lares. Esta tarde visitei o irmão e a irmã H, e deixei alguns livros. Ev 454.5

21 de Novembro. Às duas horas visitei hoje os irmãos H, e li algumas coisas que estivera escrevendo a fim de ir ao encontro das dificuldades existentes no espírito da irmã H. Ev 455.1

27 de Novembro. Visitei hoje a irmã K e sua filha. Esta sofreu há pouco um acidente. ... Conversamos e oramos com ela, e o Senhor esteve deveras perto, ao Lhe rogarmos que abençoasse tanto a mãe como a filha. Ev 455.2

Visitamos em seguida a irmã G, que é viúva. ... Tivemos um período de oração com essa irmã, e o benigno Espírito do Senhor repousou sobre nós. Conversamos com a filha da irmã G, menina de seus dezesseis anos, falando-lhe do amor de Jesus e rogando-lhe que entregasse o coração ao Salvador. Disse-lhe que se aceitasse a Cristo como seu Salvador, Ele lhe seria sustentáculo em toda provação, e lhe daria paz e descanso em Seu amor. Ela parecia tocada por nossas palavras. Fomos então ver o irmão e a irmã H. — Manuscrito 21, 1892. Ev 455.3

Campos queridos ao obreiro — Dora Creek e Martinsville e as outras povoações nas matas, onde trabalhamos, são-me caros. Espero que se manifeste a mais terna solicitude às almas nesses lugares, e que se façam diligentes esforços para atraí-las a Cristo. Muito se tem feito nesses lugares, e muito mais necessita ser feito. — Carta 113, 1902. Ev 455.4