Evangelismo

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Ajuda às almas para converterem-se

A experiência da conversão genuína — Foi-me mostrado que muitas pessoas têm idéias confusas no tocante à conversão. Ouviram amiúde repetir do púlpito as palavras: “Precisais nascer de novo.” “Precisais ter coração novo.” Estas expressões desconcertaram-nos. Não podiam compreender o plano da salvação. Ev 286.1

Muitos tropeçaram para a ruína devido a doutrinas errôneas ensinadas por alguns ministros, no tocante à mudança que ocorre na conversão. Alguns têm curtido tristeza durante anos, esperando alguma notável evidência de haverem sido aceitos por Deus. Separaram-se do mundo, em grande medida, e encontram prazer em associar-se com o povo de Deus; não obstante não ousam professar a Cristo por temerem que seria presunção dizerem que são filhos de Deus. Estão esperando essa mudança característica que foram induzidos a crer que está relacionada com a conversão. Ev 286.2

Depois de algum tempo, alguns destes têm a prova de sua aceitação da parte de Deus, e então são induzidos a identificar-se com Seu povo. Datam a sua conversão a partir desse momento. Foi-me mostrado, porém, que haviam sido aceitos na família de Deus antes desse tempo. Deus os aceitara quando se sentiram enfadados do pecado e, havendo perdido a satisfação pelos prazeres mundanos, decidiram buscar a Deus diligentemente. Mas, por não compreenderem a simplicidade do plano da salvação, perderam muitos privilégios e bênçãos que poderiam haver reclamado se apenas houvessem crido, quando pela primeira vez se voltaram para Deus, que Ele os aceitara. Ev 286.3

Outros caem em erro ainda mais perigoso. São governados por impulsos. Despertam-se-lhes as simpatias e consideram esse arroubo de sentimento uma prova de que foram aceitos por Deus e estão convertidos. Mas os princípios de sua vida não sofreram modificação. As evidências de uma genuína obra de graça no coração tem que ter base, não nos sentimentos, mas na vida. “Por seus frutos”, declarou Cristo, “os conhecereis.” Ev 286.4

Muitas preciosas almas que almejam fervorosamente ser cristãs andam, não obstante, tropeçando nas trevas, a espera de que seus sentimentos sejam excitados convincentemente. Esperam que lhes ocorra uma mudança especial nos sentimentos. Esperam que alguma força irresistível, sobre que não tenham domínio os subjugue. Esquecem a circunstância de que o crente em Cristo deve operar a própria salvação com temor e tremor. Ev 287.1

O pecador convicto tem alguma coisa que fazer além de arrepender-se; tem que fazer a sua parte para ser aceito por Deus. Deve crer que Deus lhe aceita o arrependimento, de conformidade com Sua promessa: “Sem fé é impossível agradar-Lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos que O buscam.” Ev 287.2

A obra da graça no coração não se opera instantaneamente. Efetua-se por uma vigilância contínua e cotidiana e pela crença nas promessas de Deus. A pessoa arrependida e crente, que nutre fé e ardentemente anela a graça renovadora de Cristo, não será por Deus despedida vazia. Ele lhe concederá graça. E os anjos ministradores ajudá-la-ão enquanto perseverar nos esforços para avançar. — Manuscrito 55, 1910. Ev 287.3

Conversões — não todas iguais — Nem todos estão constituídos da mesma maneira. Nem todas as conversões são iguais. Jesus impressiona o coração, e o pecador renasce para viver vida nova. Amiúde as almas são atraídas para Cristo sem que ocorra uma manifestação violenta, nem dilaceramento de alma, nem terrores de remorsos. Olharam um Salvador crucificado; e viveram. Viram a necessidade da alma; viram a suficiência do Salvador e Seus reclamos; escutaram-Lhe a voz dizendo: “Segue-Me”, e levantaram-se e O seguiram. Esta conversão foi genuína, e a vida religiosa foi tão resoluta quanto a de outros que sofreram toda a agonia de um processo violento. — Carta 15a, 1890. Ev 287.4

Conversões não definidas nem metódicas — Os homens que calculam exatamente como os cultos religiosos devam ser realizados, e são muito definidos e metódicos na difusão da luz e da graça que parece possuírem, simplesmente não possuem muito do Espírito Santo. ... Ev 288.1

Conquanto não possamos ver o Espírito de Deus, sabemos que os homens que estão mortos em ofensas e pecados ficam convencidos e convertidos sob Sua atuação. O irrefletido e desgarrado torna-se sério. O empedernido arrepende-se de seus pecados, e o incrédulo crê. O jogador, o bêbado, o licencioso, tornam-se ajuizados, sóbrios e puros. O rebelde e obstinado torna-se manso e semelhante a Cristo. Ao vermos essas modificações no caráter, podemos ter a certeza de que o poder divino de conversão transformou o homem todo. Não vimos o Espírito Santo, mas vimos a evidência de Sua obra no caráter transformado dos que haviam sido pecadores endurecidos e obstinados. Assim como o vento move com sua força as árvores altaneiras e derruba-as, também o Espírito Santo pode operar nos corações humanos, e nenhum homem finito pode restringir a obra de Deus. Ev 288.2

O Espírito de Deus Se manifesta de maneiras várias sobre homens diferentes: Um, sob o impulso dessa força tremerá perante a Palavra de Deus. Suas convicções serão tão profundas que um furacão e tumulto de sentimento parece agitar-lhe o coração, e todo o seu ser se prostra sob a força convincente da verdade. Quando o Senhor fala de perdão à alma arrependida, ela está cheia de ardor, cheia de amor a Deus, cheia de zelo e energia, e o espírito doador de vida que recebeu não pode ser impedido. Cristo é nele uma fonte que salta para a vida eterna. Seus sentimentos de amor são tão profundos e ardentes quanto eram a sua aflição e agonia. Sua alma é como a fonte do grande abismo, aberta, e ele verte sua ação de graça e louvor, sua gratidão e júbilo, até que as harpas celestiais são afinadas por notas de regozijo. Ele tem uma história para contar, mas não de maneira definida, comum, metódica. É uma alma resgatada pelos méritos de Jesus Cristo, e todo o seu ser se empolga com o reconhecimento da salvação operada por Deus. Ev 288.3

Outros são levados a Cristo de maneira mais suave. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” Não podeis ver a instrumentalidade em ação, mas sim os seus efeitos. Ao dizer Nicodemos a Jesus: “Como pode ser isto?” Jesus lhe disse: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?” Um mestre de Israel, um dentre os sábios, alguém que se presumia capaz de compreender a ciência da religião, contudo tropeçando na doutrina da conversão! Não se dispunha a reconhecer a verdade, por não poder compreender tudo quanto estava ligado com a operação do poder de Deus, não obstante aceitou os fatos da Natureza embora não pudesse explicá-los nem compreendê-los. Como outros de todos os tempos, considerava as formas e cerimônias definidas como sendo mais essenciais para a religião, do que as atuações profundas do Espírito de Deus. — The Review and Herald, 5 de Maio de 1896. Ev 289.1

A conversão conduz à obediência — A conversão da alma humana não é de pequena conseqüência. É o maior milagre realizado pelo poder divino. Os resultados reais são alcançados ao crer em Cristo como Salvador pessoal. Purificados pela obediência à lei de Deus, santificados pela observância perfeita de Seu santo sábado, confiando, crendo, esperando pacientemente e operando diligentemente nossa própria salvação, com temor e tremor, aprenderemos que é Deus quem em nós opera, tanto o querer como o efetuar, segundo o Seu beneplácito. — Manuscrito 6, 1900. Ev 289.2

A santificação somente por meio da prática da verdade — Não deve o homem somente ler a Palavra de Deus, supondo que o conhecimento casual dessa Palavra produza nele uma reforma do caráter. Esta obra pode realizá-la tão-somente Aquele que é o caminho, a verdade e a vida. Certas doutrinas da verdade podem ser firmemente defendidas. Podem ser repetidas uma e outra vez, até que os seus detentores pensem que em realidade estão de posse das grandes bênçãos que estas doutrinas representam. Mas as maiores e mais poderosas verdades podem ser esposadas, e não obstante, serem mantidas no átrio exterior, onde pouca influência exercem para tornar robusta e fragrante a vida cotidiana. A alma não é santificada pela verdade que não é praticada. — Carta 16, 1892. Ev 290.1

As doutrinas ou o nome no rol da igreja não substituem a conversão — Todas as pessoas, quer de origem elevada quer humilde, se não estão convertidas, estão no mesmo pé de igualdade. Podem os homens volver-se de uma doutrina para outra. Isto está sendo feito e sê-lo-á. Podem os papistas abandonar o catolicismo pelo protestantismo; sem que, porém, nada saibam do significado das palavras: “Eu vos darei um coração novo.” A aceitação de teorias novas, e a filiação a uma igreja, não produzem em pessoa nenhuma vida nova, embora a igreja a que se une assente sobre o alicerce verdadeiro. A ligação a uma igreja não substitui a conversão. A aceitação do credo de uma igreja não tem valor algum para quem quer que seja se o coração não estiver verdadeiramente transformado. ... Ev 290.2

Precisamos ter mais do que uma crença intelectual na verdade. Muitos dos judeus estavam convencidos de que Jesus era o Filho de Deus, mas eram orgulhosos e ambiciosos demais para render-se. Decidiram resistir à verdade, e mantiveram sua posição. Não receberam no coração a verdade tal qual é em Jesus. Quando a verdade é aceita como verdade unicamente pela consciência; quando o coração não é estimulado e tornado receptivo, apenas a mente é influenciada. Mas quando a verdade é recebida como verdade pelo coração, passou pela consciência e cativou a alma com seus princípios puros. É posta no coração pelo Espírito Santo que revela à mente sua formosura, para que sua força transformadora se manifeste no caráter. — The Review and Herald, 14 de Fevereiro de 1899. Ev 291.1

A conversão é resultado de esforço unido — Na obra de resgatar as almas perdidas que perecem, não é o homem quem executa a tarefa de salvá-las; Deus é quem com ele trabalha. Tanto Deus como o homem atuam. “Sois coobreiros de Deus.” Temos que trabalhar de diferentes maneiras e idear métodos vários, e permitir que Deus atue em nós para revelar a verdade e revelá-Lo a Ele como Salvador que perdoa o pecado. — Carta 20, 1893. Ev 291.2

Auxílio ao pecador necessitado — Instemos a tempo e fora de tempo, admoestando os jovens, intercedendo junto aos pecadores, manifestando o amor que Cristo teve para com eles. Ao brotar dos lábios do pecador: “Oh! os meus pecados, meus pecados; temo que sejam demasiado grandes para serem perdoados!” animai-lhes a fé. Exaltai a Jesus, mais e mais, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” Ao ouvir-se o clamor: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”, encaminhai a alma tremente ao refúgio de um Salvador que perdoa o pecado. — Manuscrito 138, 1897. Ev 291.3

Os anjos rejubilam — A conversão de almas a Deus é a obra mais grandiosa, a obra mais elevada em que os seres humanos podem empenhar-se. Na conversão das almas se revelam a tolerância de Deus, Seu amor incomensurável, Sua santidade e Seu poder. Toda verdadeira conversão O glorifica, e faz com que os anjos prorrompam em cânticos. “A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram.” — Carta 121, 1902. Ev 292.1