Conselhos sobre Saúde
Conselhos sobre Saúde
Prefácio
No saguão do Hospital Memorial White, fundado em memória da autora dos “Conselhos” de que se compõe este livro, há uma placa de bronze com a inscrição: CSa 1.1
“Este hospital é dedicado à memória de Ellen Gould White, cuja longa vida foi com abnegação devotada ao alívio dos ais e dores dos enfermos, sofredores e necessitados; e a inspirar moços e moças a que consagrem sua vida à obra dAquele que disse: ‘Curai os Enfermos.’” CSa 1.2
Para os que conheceram a Sra. White, essas palavras estão repletas de ternas recordações dos quase incontáveis incidentes da vida desta amorabilíssima alma. Das mulheres que têm vivido nos tempos modernos, nenhuma outra, provavelmente, tem exercido mais profunda e duradoura influência sobre a vida dos seus semelhantes do que Ellen G. White. Em nenhum campo foram os seus escritos mais completos e de mais vasto alcance do que no que se relaciona com o cuidado do corpo — o templo do Espírito Santo. CSa 1.3
De muitas e variadas fontes, nos últimos cinqüenta anos, um dilúvio de luz tem sido derramado sobre este tema tão importante. Da mente do renomado Pasteur vieram raios de luz de brilhante e penetrante poder sobre questões relacionadas com saúde e enfermidades. Dele recebeu o mundo o conhecimento das bactérias, fator geratriz de muitas doenças. De Luís Pasteur veio a cura para o carbúnculo, devastadora enfermidade que afeta homens e animais. Foi de seu incansável esforço que brotou a descoberta da cura para a hidrofobia, uma das mais terríveis enfermidades de todos os tempos. CSa 1.4
Lorde Lister, aplicando os princípios de Pasteur na cirurgia, tornou esta segura para a humanidade. Seu gênio transformou os hospitais de câmaras de gangrena e horror em lugares de conforto e cura. Ele demonstrou que pus no corte cirúrgico é desnecessário, e reduziu a mortalidade em operações a um número relativamente insignificante. CSa 1.5
Surgiu então Semmelweiss, obstetra, a quem Kugelman escreveu: “Com poucas exceções o mundo tem crucificado e sepultado os seus benfeitores. Espero que não vos canseis na digna luta que ainda permanece em vossa frente.” Foi este Semmelweiss que se engalfinhou com o terrível monstro da febre puerperal, e em cujo cérebro martelavam as indagações: “Por que morrem essas mães? Que é a febre puerperal?” Seus esforços custaram-lhe a vida, mas ele venceu o horrível mal. CSa 2.1
Eu podia continuar a falar das bênçãos que o mundo tem recebido das mãos de muitos outros, como Koch, Ehrlich, Nicolaier, Kitasato, Von Behring, Flexner, Ronald Ross e inúmeros mais. Mas a Ellen G. White foi atribuída uma tarefa diferente. Conquanto a obra de sua vida e os seus ensinos estivessem em harmonia com a medicina verdadeiramente científica, foi no domínio do lado espiritual da arte de curar que ela brilhou com o fulgor de santo lampadário. Em matéria de apelos a homens e mulheres com respeito a seu corpo como santo legado do Altíssimo, e no que toca a obediência às leis da Natureza e ao Deus da Natureza, ela permanece sem igual. Foi ela quem exaltou a santidade do corpo e a necessidade de colocar todos os apetites e paixões sob o controle de uma consciência esclarecida. Outros deram ênfase à ciência em matéria de saúde; a ela foi deixado imprimir o espiritual no tratamento do templo do corpo. CSa 2.2
Nenhuma outra pessoa nos tempos modernos penetrou este campo do esforço espiritual no sentido e na extensão em que ela o fez. Seus esforços foram incansáveis desde sua juventude até o momento de sua morte em idade bem avançada. Em livros, em artigos, em jornais e periódicos, em folhetos e panfletos, constante e infatigavelmente ela chamou a homens e mulheres, velhos e jovens, em tons inconfundíveis, a um plano de vida espiritual mais racional, mais alto e mais puro. Da plataforma nas igrejas e nas salas de preleções, em convocações e conferências, sua voz foi continuamente ouvida apelando para a necessidade de um viver cristão e consagrado em coisas relativas ao cuidado do corpo. Outros trouxeram à luz fatos científicos concernentes a enfermidades, sua causa e sua cura; Ellen G. White inculcou aqueles fatos do lado espiritual à mais íntima cidadela da alma de homens e mulheres. CSa 2.3
É próprio, portanto, que embora ela durma em sua quieta sepultura, as fatigadas mãos cruzadas sobre o peito virtuoso, suas obras a sigam. É justo que neste volume seus “Conselhos” vivam para abençoar, fortificar e dirigir a vida dos que procuram indicar aos demais Aquele que é bendito que, Ele somente, traz a cura em Suas asas. CSa 3.1
Foi o apóstolo Paulo quem escreveu em sua segunda carta ao jovem Timóteo: CSa 3.2
“Numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda boa obra.” CSa 3.3
Paulo escreveu especialmente com referência aos membros da igreja do Senhor. Mas quão maravilhosamente aplicáveis também são essas palavras às pedras humanas que formam na Terra hoje a estrutura da grande casa da arte de curar! Há nela doutores e enfermeiros de ouro, e doutores e enfermeiros de prata, doutores e enfermeiros de madeira e de barro, e alguns para honra e alguns para desonra. Purificar a grande casa da cura, ajudar a moldá-la segundo a semelhança do Grande Médico, eis o objetivo de “Conselhos.” CSa 3.4
Nesta era sórdida, quando tudo que outrora fora sagrado está sendo comercializado, quando o bezerro de ouro está sendo adorado por toda parte, há e sempre haverá alguns homens e mulheres anelando os mais altos ideais pertinentes a uma profissão superada em santidade somente pelo ministério da Palavra de Deus. Na esperança de que este volume contribua para o exercício mais santo e mais puro da medicina, e com uma singela oração para que assim suceda, é ele agora lançado a sua missão. CSa 4.1
Percy T. Magan